Cláudia de Almeida Carvalho: 'Wedding vows'

Fecho os olhos e, no sentir, relembrando minha história, listo mentalmente as razões de minhas tantas paixões vestidas de risos e de lágrimas, e, no silêncio protetor da intimidade da minha solidão, após incessante busca, encontro as respostas de minha identidade existencial.”

 

Eu me prometo ser fiel na alegria e na tristeza e por todos os dias da minha vida.

Uma contagem regressiva para o grande dia!

As dores existenciais, efeitos colaterais de se estar vivo.

A busca pelo autoconhecimento, o desejo de reinventar-se e aprimorar-se a todo o tempo, acompanhando o ritmo frenético da dança enigmática da vida.

Fecho os olhos e, no sentir, relembrando minha história, listo mentalmente as razões de minhas tantas paixões vestidas de risos e de lágrimas, e, no silêncio protetor da intimidade da minha solidão, após incessante busca, encontro as respostas de minha identidade existencial.

A regeneração da alma pelo sopro do despertar.

Não importa ver-nos antes ou nos ver depois deste momento, senão o pacto solitário do compromisso de autoavaliação cíclica de nossas versões, assumido pela coragem de ajustar o foco do nosso próprio olhar em direção a nossa real identidade.

No compromisso de fidelidade, enfrento-me na pessoa que sou, na consciência de todas as minhas qualidades e limitações, respeitando-me e aceitando-me com bondade e tolerância, sem, contudo , ser condescendente com minhas fraquezas e falhas humanas, já que sigo na  missão persistente em depurá-las no processo evolutivo de minha existência.

Assim, sempre haverá um recomeço, um novo ponto de partida para um mundo interior aberto para novas experiências e avanços existenciais.

A consciência da dimensão e das peculiaridades do meu ser é o princípio infinito do meu renascimento e de minha reconstrução.

Tal qual uma equilibrista desafiando a gravidade, me penduro nas lições de amor e entendimento pendentes do gancho da emoção da aventura da vida, suspensa no ar pelas mãos maestras das voltas que a vida dá.

Tanto nos foge ao próprio controle e à imediata compreensão e, justamente nisso, reside a fantástica viagem pela jornada existencial humana.

Seja na condição de aprendiz ou já no percurso de notável mestra, é fato que é maravilhoso estar viva e sentir-me expandir muito além dos limites do invólucro da matéria.

Uma verdadeira explosão de energia e vitalidade pela descoberta do próprio ser dentro do infinito da existência.

Minhas escolhas são pautadas agora pelo saber de quem sou, pela identidade do meu descobrimento, pelas minhas verdades.

Não escolherei na fraqueza do medo da dor ou da insegurança pelo desfecho do desconhecido, mas sim na força do meu lúcido querer, das minhas reais necessidades e vontades, do meu desejo.

Dessas escolhas, inegável advirem dores na alma, mas dor pior seria a da escolha pela traição à minha fidelidade existencial, como forma apaziguadora do sofrimento.

E chegou o grande dia!

Hoje, sei quem sou, eis que me decifrei nas então complexas digitais de minha alma e, na sonoridade de um brinde, celebro os proclamas de meus esponsais de fidelidade a mim mesma.

E, no desvendar dessa união estreita e íntima que estabeleço comigo mesma, na cerimônia de promessa dessa aliança, eu me prometo ser fiel na alegria e na tristeza por todos os dias de minha vida!

 

Cláudia de Almeida Carvalho – claudiacarvalho.oab@gmail.com

Inspiração Poética, 07 de dezembro de 2017.