Artigo de Celso Lungaretti: 'GAME OVER: DILMA NÃO RENUNCIARÁ E A NOVA ELEIÇÃO NÃO SE VIABILIZARÁ. A FALTA DE GRANDEZA POLÍTICA NOS CONDENOU A 32 MESES DE TEMER NA PRESIDÊNCIA.'

Celso Lungaretti: ‘DILMA DESCARTA RENÚNCIA. TEMER NADA MAIS TEM A TEMER’


Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.

A presidente Dilma Rousseff negou nesta 3ª feira (3) que pretenda renunciar, repetindo o besteirol de sempre: que a renúncia interessaria apenas àqueles que defendem seu afastamento, que a democracia brasileira “sofre um assalto”, etc. Eis duas frase completas, as outras são mais do mesmo:

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Noves fora, o que realmente importa é: graças à constrangedora miopia política e a total falta de grandeza de Dilma, estamos definitivamente condenados a passar os próximos 32 meses governados por Michel Temer (só ingênuos supõem que ela possa retornar ao poder ao final do processo de impeachment). Pobres de nós!

A renúncia, Dilma saberia se tivesse a mais remota noção do que está acontecendo neste país, interessa apenas e tão somente àqueles que estamos dispostos a travar uma luta desesperada para que haja uma nova eleição presidencial. Pois, começando tão tarde tal mobilização, nossa única chance seria obtermos o apoio integral e irrestrito de todas as forças políticas que querem bloquear Temer.

Mas, se o próprio PT entraria dividido nessa parada (pois ainda estaria sonhando com salvar o mandato de Dilma quando, no 4º trimestre, o Senado deliberar sobre a perda definitiva ou não do dito cujo), qual é a chance de formarmos tal frente com uma mínima possibilidade de êxito? Nenhuma!

Então, sem a renúncia, de nada adianta mandar a PEC da nova diretas já para o Congresso, pois cairá no vazio. Vai ser apenas mais jogo de cena, para dar a impressão de que está resistindo enquanto promove o enterro da nossa última quimera.

Outra coisa: os que querem o afastamento de Dilma não estão nem aí para ela renunciar ou não. Já venceram em toda linha e agora estão se deliciando com o espetáculo. Provavelmente, preferirão vê-la humilhada e escorraçada, protagonizando ao vivo e em cores sua derrota acachapante e se avacalhando com a monocórdia repetição do seu único e falacioso refrão: “é golpe!”, “é golpe”, “é golpe!”.

E quem vai desaparecer não é vítima nenhuma, mas, apenas, uma presidente que se elegeu pela esquerda e governou para a direita, acabando por decepcionar uns por abandonar suas mais sagradas bandeiras e outros por não haver tido competência sequer para entregar-lhes o que prometeu (o ajuste fiscal de odiosas características neoliberais).

Ela se proclama vítima, mas as verdadeiras vítimas são os 11 milhões de desempregados e todos os brasileiros que comem o pão que o diabo amassou sob a pior recessão que este país já conheceu.

Enquanto chora suas mágoas por estar sendo afastada de um cargo que há 16 meses não conseguia verdadeiramente exercer, nenhuma palavra diz sobre os trabalhadores, os explorados, os excluídos, os coitadezas. Era para eles que deveria governar. Mas, com suas estrepolias econômicas, conduziu-os ao inferno.

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