Eliéser Lucena: Crônica ‘Amor de mãe’
Certas pessoas nos surpreendem pela forma como pensam, como veem as questões corriqueiras da vida e como reagem aos mais variados temas, até mesmo naqueles pontos mais complicados, onde muitos perderiam o rumo, teriam uma vida de questionamentos e argumentos (até razoáveis) para sofrimentos atrozes e eternos, outros constroem a sua trajetória, alicerçados apenas no amor.
E veja como é o ser humano, apesar de todas as facilidades do mundo atual, toda uma parafernália tecnológica, todo um sistema pensado e formatado para que as nossas emoções sejam varridas para baixo do tapete das nossas existências, ainda somos dotados de sentimentos.
Mas uma pergunta que semeia a mente das pessoas, não apenas a minha, é: mas, afinal, que sentimento é esse que faz com que algumas mulheres operem milagres ao mudarem trajetórias, ao escolherem determinados caminhos, por mais duros que possam parecer e até mesmo o são?
Vejamos o seguinte relato: “em determinado momento, fui esquecido no hospital, recém-nascido e a minha mãe (adotiva) viu aquela situação e me levou para casa”. É de emocionar a não revolta, o não odiar, o não querer o mal de ninguém, sem nenhum outro rastro que não seja o de muito amor e muita gratidão.
É de ter esperanças no ser humano olhar, hoje, a forma como isso é encarado, um homem adulto permeado de sentimentos que não faz a menor questão de esconder nenhum deles e se emociona com facilidade, sem pudores, sem máscaras e sem disfarces.
Que missão fantástica de uma mulher que acolhe alguém, que entrega o que tem de melhor e empresta ao mundo um ser humano que replica amor por onde passa. Uma mãe que não se pode chamar de biológica nem adotiva, não caberia. A melhor definição que podemos ter é: mãe de luz!
Aí, quando não esperamos, quando já estamos mais do que acostumados com respostas burocráticas, simplesmente para que sejam mantidos interesses e máscaras, veio o seguinte questionamento: qual o motivo que te faz querer ingressar em um projeto que não tem a menor garantia de nada, que não está calcado em valores financeiros (embora eles sejam importantes) e provavelmente não trará ganhos substanciais de imediato?
Acredito que nunca mais vou ouvir uma resposta tão curta, surpreendente, emocionante e que me faz pensar valer muito a pena seguir em frente. Ah! A resposta? “Amor de mãe”!
Eliéser Lucena
Contatos com o autor
Voltar: http://www.jornalrol.com.br
- O Coração do Príncipe - 23 de abril de 2024
- Alta tensão - 31 de outubro de 2023
- Por tudo, por nada - 17 de outubro de 2023