Ceiça Rocha Cruz: ‘Garças brancas’
Cai a tarde,
abrem-se as veredas do entardecer,
névoa nos ombros da montanha,
a solidão perpetua,
brancas nuvens contemplam
as encostas.
Sob o vento,
garças encantam no seus revoos,
aplainam no tempo,
e ao murmúrio das ondas do mar,
alçam o voo inefável da poesia,
da canção,
e do amor.
No fim do dia,
pelos corredores cor de laranja
do crepúsculo,
no deserto da solidão,
adejam estrada afora
em nevoeiro.
E numa tarde solitária
sob a luz da janela aberta
do suave arrebol,
a noite sobre a terra,
desenrola seu negro véu.
Misteriosas, em sinal de paz,
voejam sorridentes,
entremeiam caminhos,
buscam um luar na noite escura.
As garças brancas
Ceiça Rocha Cruz
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