Paulo Siuves: Poema ‘Gotas no Atlântico’


às 18:26 PM
Nasce mulher, alma ao vento,
Carrega o peso do tormento.
Promessas de igualdade, dança mentida,
Futuro que tropeça em memória perdida.
Feminicídio ecoa no silêncio da madrugada,
Enquanto os silêncios sangram na calçada.
A cultura do estupro ronda a cada esquina,
Sorrisos quebrados, voz que nunca se aninha.
Salário menor, esforço maior,
Lágrimas contidas, luta sem clamor.
A gota no Atlântico grita e persiste,
Mesmo quando a justiça se esconde e resiste.
Avanços surgem, mas como passos de formiga,
A corrente aperta, a liberdade castiga.
Mulheres são águias presas no ar,
Lutando para quebrar o laço a gritar.
Por suas irmãs ergue-se o protesto,
Simples nas palavras, mas firme, manifesto.
Não há corrente que resista ao grito,
De quem transforma a dor em esforço infinito.
Paulo Siuves
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Natural de Contagem/MG, é escritor, poeta, músico e guarda municipal, atuando na Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte como Flautista. É graduado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras (FALE) da UFMG. Publicou os livros ‘O Oráculo de Greg Hobsbawn’ (2011), pela editora CBJE, e ‘Soneto e Canções’ (2020), pela Ramos Editora. Além desses, publicou contos e poemas em mais de cinquenta antologias no Brasil e no exterior.