Marcelo Augusto Paiva Pereira: ‘Que cidades foram construídas?’


às 10:13 PM
Os efeitos climáticos que têm submetido nossas cidades neste século serviram para refletir sobre as construídas desde o fim do século XIX, quando a ciência, a indústria e a tecnologia fizeram as sociedades crer no progresso da civilização, em prejuízo da sustentabilidade do meio ambiente natural. Abaixo seguem alguns comentários.
Da segunda metade do século XIX até o presente o progresso científico e tecnológico modificou o modo de vida das pessoas. A civilização se tornou industrial, contemporânea da elevada produção e comércio de bens de consumo dos quais o automóvel, criado na Alemanha em 1883 (ou 1884), foi popularizado por Henry Ford ao criar a linha de montagem (1907) e pôr os Estados Unidos sobre rodas.
Os projetos urbanos e arquitetônicos foram desenhados sob a influência do automóvel, que facilitava viagens a grandes distâncias. Amparadas pelo rodoviarismo, as cidades cresceram horizontalmente e removeram as vegetações em prol do progresso que o modernismo prometia.
Houve, entretanto, projetos em que o meio ambiente natural foi (mais) valorizado. Três exemplos são os das cidades-jardim (1898), de Ebenezer Howard, o de reforma do centro de Paris, chamado Plano Voisin (1925), de Le Corbusier e os das residências (1900-1939) de autoria de Frank Lloyd Wright.
Os projetos das cidades-jardim e do Plano Voisin acolheram o rodoviarismo, mas neste último as vias públicas e os edifícios, ambos erguidos sobre ‘pilotis’, favoreciam o crescimento da vegetação nos espaços que ocupava. Esses projetos, entretanto, foram pensados para integrar os habitantes da cidade com o campo para que tivessem mais contato com a natureza, cujos edifícios estariam nela envolvidos.
Aqueles edifícios são a versão modernista das antigas construções sobre palafitas, as quais surgiram para conter o avanço do nível das águas e marés sobre essas obras. Outra versão, menos onerosa, são edifícios erguidos sobre pilares, alternativos aos “pilotis”.
Nos projetos de Frank Lloyd Wright, os ambientes internos se comunicam com o externo para interagir as pessoas com a natureza (arquitetura orgânica). Foi ele pioneiro no conceito de identidade cultural e de sustentabilidade, acolhidos nos seus projetos residenciais (são exemplos o estilo ‘Prairie’ e a Frederick C. Robie House).
Conclusivamente, as construções sobre ‘pilotis’ ou pilares, as residências e outras obras, integradas à natureza local, poderiam acolher mais áreas verdes e minimizar os efeitos climáticos danosos às malhas urbanas. A sustentabilidade do meio ambiente natural estaria mais amparada. Daí a questão: sob a égide do modernismo, desde o final do século XIX, que cidades foram construídas?
Marcelo Augusto Paiva Pereira.
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Natural de São Paulo (SP), Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista
Lá na faculdade de Engenharia Sanitarista e Ambiental aprendi a importância da qualidade de vida sustentável, e isso começa dentro de casa com a nossa vida rsrs, com o respeito à vida da gente, de todos para respeitarmos e valorizarmos nosso ambiente. Texto informativo e bem escrito . Obrigada por escrever
Vamos conversar meu ig no instagram @linaveira