Celso Lungaretti: 'Fachin pisou feio na bola: convulsionou o país por causa de uma gravação fajutada e passou como um trator sobre o sigilo da fonte'
Ricardo Molina, o perito contratado por Michel Temer para verificar a idoneidade da gravação da conversa incriminatória que o procurador-geral da República Rodrigo Janot e o ministro do Supremo Edson Fachin abençoaram, declarou nesta 3ª feira, 23, que suas suspeitas de adulteração da fita do diálogo entre Joesley Batista e o presidente se transformaram em certeza após um estudo mais aprofundado que realizou.
Ele constatou ser inteiramente correta uma análise divulgada pela rádio CBN, que, após comparar o som de fundo da gravação com a programação original, concluiu que houve um corte de mais de seis minutos na gravação. “A CBN é a mais autorizada, ela tem o programa inteiro. O que eles fizeram está correto”, afirmou Molina à repórter Ana Carla Bermúdez, do UOL Notícias.
“Agora não tem mais discussão”, diz Molina. “A gravação foi editada e está faltando um pedaço dela, um pedaço grande. Pode ser um pedaço só ou podem ser vários pedaços, mas seis minutos é inaceitável.”
E agora, Janot? E agora, Fachin? “A noite esfriou, / o dia não veio, / o bonde não veio, / o riso não veio / não veio a utopia / e tudo acabou / e tudo fugiu / e tudo mofou”.
Foi com base nessa fajutagem made in Paraguay que vocês botaram o País de pernas pro ar?! Peçam pra sair, rápido!
CELSO LUNGARETTI
O ROTTWEILER REINALDO AZEVEDO MORDEU A MÃO DO DONO E FICOU SEM CASINHA
O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, relator dos processos gerados pela Operação Lava-Jato, jogou no ventilador um lote de 2.200 gravações resultantes da delação premiada da JBS, inclusive um que traz o jornalista direitista Reinaldo Azevedo, então colunista da veja (que também hospedava seu blogue), criticando uma matéria de capa da revista.
Não era ele o investigado, mas sim a interlocutora: Andrea, a irmã do senador Aécio Neves. E a crítica dizia respeito à forma como a revista abordara suspeitas contra Aécio. Azevedo preferia que o tucano fosse poupado de alusões negativas.
Azevedo pediu o encerramento do seu contrato com a veja e a revista aceitou.
É bem possível que haja jogo de cena em tudo isso. Eu não estranharei se ocorrer uma reconciliação depois que a poeira baixar, pois foram feitos uma para o outro.
Mas, foto do topo e título jocosos à parte (a vida fica muito insossa sem humor), permaneço fiel aos meus princípios, mesmo quanto estou careca de saber bem que a recíproca jamais será verdadeira.
Declaro, portanto, minha solidariedade ao Azevedo no que tange à ilegalidade gritante cometida por Fachin, ao dar a público uma conversa que não tinha absolutamente nada a ver com o objeto das investigações, mas servia para desacreditar um desafeto dele. Pode não ter sido uma vendetta ou uma forma de intimidação, mas que parece, parece…
Quanto às suspeitas suscitadas pela revelação estapafúrdia, eu até teria algo a dizer sobre o assunto, mas não o farei desta vez. Vou esperar até surgir uma oportunidade que não envolva grampos e abusos de poder.
De resto, a presidente do STF, Carmen Lúcia, afirmou:
“O Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência consolidada no sentido de se respeitar integralmente o direito constitucional ao sigilo da fonte. A presidente do STF reitera o seu firme compromisso, que tem sido de toda vida, de lutar, e agora, como juíza, de garantir o integral respeito a esse direito constitucional“.
Espero que ela não fique só na retórica e aja concretamente para disciplinar Fachin. Ele pisou feio na bola.
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