Élcio Mário Pinto: 'Nem princesa, nem preciosa!'
Élcio Mário Pinto:
‘NEM PRINCESA, NEM PRECIOSA!’
… o roceiro, quando soube, não se conteve mais. Dizia a todo mundo e sorria feliz pelos caminhos de terra, que participavam, como sempre, de seu cotidiano. Além da terra, do mato e do sol, o modo do roceiro ler o mundo era entendê-lo a partir da Natureza, da chuva e do calor, do frio e da seca, enfim, de tudo o que faz o planeta inteiro ser o que é e no que se transforma com o passar do tempo.
E o tempo passou, a criança nasceu, o roceiro, mais ainda não se cabia de alegria! Como poderia chamar sua menina? Tinha um nome, é claro! Mas, precisava de um apelido de carinho, aquele que só os da casa poderiam saber e gostar. Talvez, uma palavra, algumas palavras que fossem, mas que também fossem do agrado da criança quando crescesse.
De novo, como em todos os seus dias, o roceiro, a caminho da terra molhada produzindo a vida na Terra, decidiu e escolheu: “Terrãozinho de Ouro”. Poderia haver mais carinho? Poderia existir maior valorização? Não, não e não!
O ouro nunca foi uma pedra preciosa para o roceiro. Das tais pedras, ele nunca ouvira falar, não as conhecia. Para ele, elas não tinham o menor valor, não só pelo pagamento, também pelo sentimento. Estavam descartadas, então!
Mas, um terrãozinho, aquele montinho de terra compacta, unida e forte, se fosse de ouro, seria ouro maciço. Isso sim valeria muito! Não pelo ouro, mas pela terra.
Como a criança era o seu “terrãozinho”, valia muito, muito mais!!! Com criança amada não se negocia preço. E o valor? É do tamanho do sentimento e não se pode encontrar números para ele.
Foi assim que a criança, a menina Driana, passou a ser chamada, carinhosamente na casa, pelo roceiro seu pai, e por sua mãe, não de pedra preciosa e nem de princesa. Ambas não existiam naquele universo; passou a ter um valor maior que todas as coisas, porque estava dentro da Natureza. E então, começou a atender por “Terrãozinho de Ouro” do pai.
ÉLCIO MÁRIO PINTO
11/06/2017