Jorge Facury: 'Rostos Iluminados'

Jorge Facury:

‘ROSTOS ILUMINADOS’

 

Muito antes que o casal russo Kirlian descobrisse, por meio de comprovação fotográfica, que os seres vivos têm aura – uma emanação energética que impressiona pelas formas, cores e tonalidades -, a Arte trazia como símbolo de uma energia pura a reger os seres, a auréola (dos santos).

A aura, que muita gente confunde com nome de mulher, Áurea, tem muitos significados e no tocante à emanação é uma evidência importante de que constituímos um quantum de energia que, inclusive, se altera com o concurso de nossas emoções.

Se todos vissem a aura uns dos outros, não haveria mentirosos, já disse um parapsicólogo, pois a cor específica imperante nesta revelaria a inclinação para a mentira etc. e tal…

Outro dia, vi o rosto iluminado de uma mulher. Ela estava em seu carro, plácida, quase imóvel e o rosto iluminado, de um tom levemente azulado. Eu esperava um lanche em uma lancheteria e fiquei observando aquele rosto feérico. Mas, não era nenhuma exuberância especial dela, apenas efeito do semblante, imóvel, hipnotizado pela telinha do celular. A claridade emitida pelo aparelhinho moldando-a através do vidro fumê do carro dava o efeito admirável.

Estamos numa era de muitos rostos artificialmente iluminados. Não é exclusividade de ninguém. Todo mundo iluminado! Inclusive os rostos mais inocentes, que, diga-se de passagem, poderiam emanar luz natural, mas, pelo efeito da telinha, perdem rapidamente a inocência, como a água que se esvai para o ralo…