Coluna Sergio Diniz da Costa no jornal da APEVO
Coluna Sergio Diniz da Costa no jornal da APEVO – Julho de 2017
LITERATURA, ARTES & CURIOSIDADES
Curiosidades sobre as Festas Juninas
As comemorações juninas também têm origem em celebrações relacionadas às estações do ano, colheitas e homenagens a deuses. Na Antiguidade, civilizações como celtas, egípcias e gregas festejavam o início da colheita durante o verão (que no Hemisfério Norte acontece entre junho e agosto). Na mitologia romana, uma das deusas homenageadas era Juno, esposa de Júpiter, e por este motivo estas festas eram chamadas de ‘junônias’. Em 58 a.C., quando o imperador romano César conquistou a Gália (atual França), os bárbaros já comemoravam o solstício na região (momento em que o sol se afasta mais da Linha do Equador e incide com mais intensidade sobre um território – o que marca o verão) no dia 22 ou 23 de junho. A fogueira, tradicional nos arraiais, vem dessa época, já que os moradores do campo acreditavam que o fogo espantava os demônios da esterilidade, as estiagens e as pragas da lavoura.
Fogueiras. Além do significado da fogueira nas celebrações pagãs que acabou sendo herdado pelas comemorações juninas, existe outra explicação da igreja católica para essa prática. João era primo de Jesus, e sua mãe prometeu à Maria que avisaria assim que ele nascesse. A forma encontrada para comunicá-la foi a de erguer um mastro em frente a sua casa e iluminando-o com uma fogueira. Durante as festividades, o mastro de São João tem a base redonda. Já a de Santo Antônio é quadrada, enquanto a de São Pedro possui o formato triangular.
No século VI, a Igreja absorveu essas celebrações pagãs e transformou-as em uma festa católica, estabelecendo o dia 24 de junho como a data oficial para essas festividades e associando-as ao nascimento de São João Batista, o discípulo que batizou Jesus Cristo. Por este motivo passaram a serem denominadas como ‘joaninas’. Em entrevista à Mundo Estranho, a antropóloga da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Lúcia Helena Rangel, afirma que os cultos à fertilidade foram reproduzidos até por volta do século X. “Como a Igreja não conseguia combatê-los decidiu cristianizá-los, instituindo dias de homenagens aos três santos no mesmo mês”, explica Lúcia. No século XIII, os portugueses passaram a incluir nas festas o dia do nascimento de Santo Antônio (nascido em Portugal e morto na Itália em 13 de junho de 1195) e a morte de São Pedro no dia 29 do mesmo mês.
A tradição das festas juninas chegou ao Brasil por meio da colonização de Portugal por volta de 1603. De acordo com o site Brasileiros, os senhores de engenho organizavam os eventos e convidavam amigos e agregados. Com o tempo, as comemorações ganharam características populares e fundiram-se com as celebrações que os índios faziam nesta época relacionadas à agricultura, incluindo atividades como dançar e cantar em volta de fogueiras. Aos poucos, essas festividades passaram a ser realizadas em espaços públicos e ganharem elementos mais nacionais, como a inserção de alimentos como mandioca, milho, batata doce e canjica.
Quadrilha. As comemorações juninas ganharam novas características com a vinda da família real portuguesa em 1808 acompanhada de cerca de 15.000 aristocratas, que seguiam costumes e tendências importadas principalmente da França. A famosa quadrilha de São João tem origem na le quadrille praticada nos bailes nobres franceses. Os casais trocavam de pares em uma dança animada, o que se tornou sucesso entre a elite brasileira e foi posteriormente adotada em outros eventos como casamentos, batizados e festas religiosas. Um exemplo disso são as palavras de origem francesa que costumam serem pronunciadas pelos puxadores da dança, como anarriê, que vem de en arrière (de volta); alavantú (en avant tous – todos para frente); e balancê (balançoire – balançar).
Balões. O hábito de soltar balões nas festas juninas foi trazido pelos portugueses. Eles acreditavam que dessa forma os pedidos dos homens chegariam até São João. Quando o balão caía, era sinal de que não seriam atendidos. Desde 1965 essa prática é considerada crime no Brasil por oferecer riscos ambientais e à segurança das pessoas.
Bandeirolas. São outra marca registrada das festas juninas pelo país. Esses enfeites surgiram devido aos santos lembrados no período (São João, Santo Antônio e São Pedro). No ritual conhecido como a ‘lavagem dos santos’, as imagens dos três homenageados eram pregadas em bandeiras coloridas mergulhadas, colocadas em água. Após isso, de acordo com a crença, os fiéis poderiam purificar com ela.
A brincadeira do pau-de-sebo. Diferente do utilizado para os santos juninos, o pau-de-sebo é um mastro de madeira envernizada de cerca de cinco metros de altura. Seu preparo é feito com muito cuidado. Primeiro se tiram todos os nódulos da madeira para que ele seja lixado, e só então é passado o sebo de boi ou cera. A brincadeira consiste em tentativas de subir ao topo e garantir prendas.
Um mega abraço e até a próxima edição!
Sergio Diniz da Costa