O treinador Adenor Leonardo Bachi, o gaúcho Tite, afirmou-se como nosso melhor técnico em 2012, quando liderou aquela que continua sendo até hoje a maior conquista do futebol brasileiro neste período de vacas magras: o Mundial de Clubes da Fifa.
Foi a única exceção (brasileira e sul-americana) ao domínio avassalador das seleções e clubes europeus a partir de 2007, quando o futebol de lá registrou uma grande evolução tática e técnica que nós não acompanhamos. [Copa América não conta, porque os principais escretes da Europa nunca a disputaram a sério.]
Tite acompanhou tal evolução. Tanto que, com um Corinthians sem estrelas, conseguiu uma vitória praticamente impossível contra as muitas e fulgurantes estrelas do Chelsea, ao dar um verdadeiro nó tático no técnico adversário, Rafael Benítez.
Saltava aos olhos que a Seleção Brasileira só teria alguma chance no Mundial 2014 sob seu comando, pois era ele e mais ninguém o especialista em obter bons resultados nas situações de inferioridade de forças. E nem de longe nos equiparávamos aos favoritos, mesmo sediando a Copa.
A inacreditável Confederação Brasileira de Futebol preferiu resgatar do limbo o ultrapassado Luiz Felipe Scolari, cuja estrela se apagara definitivamente após a conquista do Mundial da Fifa de 2002; desde então, vinha de fracasso em fracasso, culminando por abandonar o barco palmeirense quando o time marchava para o rebaixamento no Brasileirão, exatamente no ano do maior triunfo de Tite (2012).
Resultado: a desclassificação diante da Alemanha por 1×7 foi a mais acachapante derrota da Seleção Brasileira em 100 anos de História e mais de mil partidas disputadas.
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Vadda a bordo, cazzo!
Agora, novamente à frente de um Corinthians sem estrelas, Tite acaba de conquistar a terceira vitória em apenas um mês jogando com um homem a menos durante todo (Once Caldas) ou quase todo (Palmeiras e São Paulo) o 2º tempo. No primeiro caso, ainda foi capaz de transformar um placar de 1×0 em 4×0, porque precisava ampliar o saldo de gols; nos outros dois, conservou a vantagem de 1×0, pois esta lhe bastava.
Como? Preparando o seu time e cada um de seus jogadores de linha para jogar de diversas formas, ao sabor das circunstâncias. Assim, inferiorizado em número, o Corinthians de Tite imediatamente se recompõe, adotando outra esquematização e mantendo sempre “uma frieza impressionante”, como dizem em uníssono os comentaristas esportivos.
Os desfalques são administrados da mesma forma: desfigurado por suspensões e contusões, o time conseguiu há alguns dias dificílima vitória fora de casa contra o último campeão da Libertadores, o San Lorenzo. Foi muito pressionado, mas não perdeu a cabeça nem o foco em momento algum.
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pedreira dessas: sempre acertadas, a partir de uma correta leitura do jogo.
Não dá para dizermos que, com Tite, o Brasil seria campeão em 2014. Mas, certamente, teria mantido a compostura e a dignidade, não sendo triturado na própria casa. Afinal, derrotada na bacia das almas da prorrogação, a Argentina provou que invencível a Alemanha não era, desde que enfrentada por quem pratica com competência o futebol moderno.
Por que escrevi este post? Porque, com o pouco sereno e nada brilhante Dunga no banco, o Brasil inevitavelmente aumentará em 2018 sua quota de fracassos recentes. Ainda está em tempo de mudar.
E há uma diferença que considero fundamental: os autoritários Felipão e Dunga nunca souberam lidar com jogadores de personalidade forte, preferindo escalar os fiéis cumpridores de ordens, que se esfarelam nas adversidades.
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