O leitor participa: Cláudia de Almeida Carvalho: 'O rei e o mendigo'
O leitor participa:
Cláudia de Almeida Carvalho: ‘O rei e o mendigo’
As almas humanas se alimentam de paixão, na forma de seus mais variados nuances.
Precursora da própria existência e de toda a capacidade criativa é a paixão a real fonte da juventude eterna e do processo evolutivo.
Opõe resistência, porém, o homem à sua rendição a esse sentimento de tamanha magnitude, confuso que se vê diante dos seus paradoxos.
Ao mesmo tempo remédio para a alma, para a cura de todos os males, se transfigura no mais cruel, amargo e mortal dos venenos capaz de roubar a verdadeira vida que há em nós.
E é tudo tão assustador que a fuga nos parece ser o rumo à nossa salvação, nos levando sim a perder a verdadeira essência da vida e nos desconectar daquele que realmente somos.
E nasce a poesia.
O último beijo perdido era também o primeiro que nunca foi repartido.
O beijo suave com gosto de eternidade, promessa de um momento de êxtase supremo do abraço de almas em uma só sintonia cósmica.
E o silêncio gritou de lacerante dor no imenso vazio que se abria, suplicando para você ficar, não me deixar à deriva dos nossos próprios sonhos.
Com sua partida, esvaziou o balão dos seus sonhos e de repente você envelheceu e se fez ver sua verdadeira idade e a mediocridade do conformismo tomou forma.
E a alquimia, exercendo sua arte de transmutação, fez do rei deposto um pobre mendigo.
Reflexões, 12/9/2017
Cláudia de Almeida Carvalho