Gesiel Júnior, pesquisador e jornalista de Avaré, tomou posse na Academia Sorocabana de Letras – ASL

Biógrafo da pintora Djanira,  o pesquisador e jornalista Gesiel Júnior é o novo sócio correspondente da ASL

 

A Academia Sorocabana de Letras admitiu como sócio correspondente o pesquisador e jornalista Gesiel Júnior, autor de vários livros sobre a história de Avaré e biógrafo da pintora Djanira da Motta e Silva, uma das artistas plásticas brasileiras mais importantes do século vinte.

A cerimônia de posse foi realizada na noite da última terça-feira, 19, na Biblioteca Infantil ‘Renato Sêneca de Sá Fleury’, no centro de Sorocaba. Na ocasião, deu-se ali a abertura da exposição “Djanira, suas cores e crenças”, que reúne peças do colecionador Gilberto Fernando Tenor.

“Agradeço aos acadêmicos de Sorocaba, em especial ao escritor Geraldo Bonadio e ao pesquisador Gilberto Tenor, pelo convite para integrar esta instituição que prima pelo cultivo das letras e das artes”, afirmou Gesiel, que recebeu o diploma das mãos da sorocabana Maria Aparecida Almeida Dias de Souza.

 

 Vida e obra

Aos 53 anos, o novo acadêmico é natural de Águas de Santa Bárbara. Ele se considera autodidata, mas cursou Filosofia e Teologia no Seminário de Botucatu e História na Faculdade de Ciências e Letras da Fundação Regional Educacional de Avaré (Frea). Servidor municipal desde 1985, Gesiel presta serviço no Museu Histórico Anita Ferreira De Maria e no Memorial Djanira, que ajudou a formar em 2008.

Autor de 31 livros, a maioria sobre a história de Avaré e região, Gesiel Júnior é biógrafo da pintora Djanira e também biografou personalidades como o médico e político Paulo Dias Novaes, o pioneiro Maneco Dionísio, os padres Celso Ferreira e Emílio Immoos, além de ter registrado em livro a passagem de Santa Paulina por Avaré.

Membro correspondente da Academia Botucatuense de Letras desde 2014, o pesquisador é casado com a professora de História Regina Célia Gonçalves e é pai do historiador Gesiel Neto, recém-formado pela Unesp de Assis, e do tecnólogo Lucas da Fonte Silva. “Em casa o resgate da memória regional nos entrelaça”, revela, ao comentar que está empenhado na produção de mais três livros sobre o tema.

Abaixo, o Discurso de Posse e, em seguida, fotos do evento:

 

Caríssimo Dr. Geraldo Bonadio,

insigne Presidente da Academia Sorocabana de Letras,

Caríssimos Confrades e Confreiras,

Senhoras e Senhores

Amigos e amigas

 

Medicina Animi!

Invoco primeiramente a divisa inscrita na insígnia da Academia que hoje me acolhe entre os seus dignos pares.

Contemplei a águia, seu símbolo rico e interpreto a mesma divisa como chamamento às coisas do alto. E mais: é sinal de que doravante devo me nutrir do pão da alma para sustento na busca de valores perenes como os da eloquência, da verdade, da integridade, da humildade, da inocência, da felicidade e da pureza.

Confesso me sentir privilegiado pela acolhida. Afinal, uma academia de letras é, certamente, a maior referência no ambiente intelectual de uma cidade, de um estado e de um país, por simbolizar o lastro cultural de um povo.

Tem esta casa, este instituto, o condão de desabrochar aspirações e de estimular a criação da literatura regionalizada e de reconhecer os méritos e de louvar os talentos dos mais empenhados cultores das letras.

Assim observei, na linha do tempo, pelas últimas quatro décadas, a áurea e fecunda Academia Sorocabana de Letras, brotada do ideal de figuras notáveis, como a do seu primeiro presidente, o polivalente José Aleixo Irmão, cuja longeva existência ele a partilhou como escritor, jurista, professor, poeta, jornalista e historiador.

No momento presente, para nossa satisfação, aqui escrevem a jornada acadêmica uma geração crente nas diversas vertentes da escrita contemporânea. E aqui são valorizadas expressões embasadas liricamente no passado e no presente, as quais podem sinalizar como sendas de um belo porvir.

Amigos e amigas: Minha caminhada é singela. Brotei às margens do Rio Pardo, nas terapêuticas águas de Santa Bárbara. Nasci na única estância hidromineral da região sorocabana. Mas vivo desde a meninice em Avaré, antiga Vila do Rio Novo, onde comecei a militar no jornalismo, recurso que me atraiu afetivamente às letras. Estudei no fim da adolescência na serrana Botucatu, no seu tradicional seminário e lá me senti impelido a desvendar os mistérios do nosso pretérito mais que perfeito.

Descobri-me pesquisador e, nos últimos 20 anos, maturado por contraditórios sentimentos, tive a ventura de publicar, ao menos, 30 livros, quase todos, entre biografias e ensaios, voltados ao resgate da memória da região de Avaré. Assim, Deus querendo, pretendo permanecer até o meu último poente: escrevendo!

 

Presidente Geraldo Bonadio,

Secretárias Ana Maria de Souza Mendes e

Myrna Ely Atalla Senise da Silva,

Confrade Gilberto Fernando Tenor,

Menciono os quatro, em especial, para agradecer por me inscreverem como sócio correspondente. E quero, por compromisso, de fato, co-responder. Afinal, nossa história traz pontos convergentes, pois multisseculares raízes envolvem tantos laços e estreitam muitas veredas.

A propósito, Senhor Presidente, aprendi o quanto o tropeirismo nos identifica culturalmente. Partindo daqui, da matriarca Sorocaba, para os rincões do Oeste paulista, desbravadores atingiram a chamada Boca do Sertão e aportaram no Paranapanema.

Sim, tropeiros daqui lá abriram arraiais, semearam freguesias e rasgaram fronteiras pelo desconhecido. Assim o Brasil formou-se e assim tudo está descrito magistralmente em seus livros para melhor compreensão de nossas origens. Somos-lhe gratos pelo seu legado literário!

Tal qual uma larga ponte se estende Gilberto Fernando Tenor entre Sorocaba e Avaré. Em duas décadas de relações amistosas, regadas de bom humor, ele provou sua devoção à terra de sua mãe, sem jamais desligar-se do berço sorocabano.

Habilidoso agente cultural como é, ele trafega como um trem expresso a promover o intercâmbio de boas experiências entre as duas localidades.

Amigo criativo e parceiro generoso, do confrade Gilberto, pesquisador nato e colecionador fervoroso, recebi pontuais provocações, as quais, é importante agora reconhecer de público, me motivaram a promover buscas e a descobrir fontes geradoras de curiosas descobertas históricas.

Uma delas, Senhoras e Senhores, vai nos permitir que nesta Biblioteca a nossa Academia seja ornamentada pelas cores e pelos traços daquela artista que fez em seus quadros uma multicolorida crônica da arte brasileira: a pintora Djanira, nascida em Avaré.

Pois bem, esta grande artista plástica era, não faz muito tempo, uma ilustre desconhecida entre os próprios conterrâneos. Inconformado, passei a desenvolver pesquisas e consegui publicar, no ano 2000, a biografia “História de Djanira brasileira de Avaré”, pela Editora Arcádia.

Simultaneamente, Gilberto Tenor iniciou a sua coleção pessoal e conseguiu garimpar obras da pintora, as quais algumas delas compõem a mostra a ser inaugurada daqui a pouco. São serigrafias autênticas que comprovam o modernismo expresso pelo pincel de Djanira e o seu extraordinário contributo para a composição da sua tocante brasilidade.

Em 2004, enquanto fui convidado pela Noovha América Editora para publicar o volume biográfico “Contando a Arte de Djanira”, Gilberto obteve da Empresa de Correios e Telégrafos a feitura do carimbo filatélico comemorativo dos 90 anos de nascimento e dos 25 anos de morte da pintora.

Em 2014, para celebrar o centenário de nascimento da nossa querida artista, reuni uma série de seus desenhos e esboços e consegui lançar, pela Editora Gril, o livro “Djanira para conhecer e colorir”, a minha primeira publicação infantil.

Felizmente, na última sexta-feira recebi uma grata notícia e aqui, nesta hora emocionante, faço o primeiro anúncio público: a Secretaria Estadual da Cultura aprovou o projeto, via ProAc, para a publicação do livro “Djanira em História em Quadrinhos”.

Nessa obra, a ser lançada em 2018, farei o roteiro, enquanto as ilustrações serão elaboradas pelo consagrado cartunista avareense Luiz Carlos Fernandes, que ganhou recentemente, em Portugal, o World Press Cartoon, a maior premiação do gênero no mundo.

Será, portanto, o quarto livro sobre Djanira, mulher impressionante, cuja arte nos interliga nesta temporada, pela coleção de Gilberto Tenor.

Pois bem, seja a arte genuinamente nacionalista desta brasileira de Avaré o canal abençoado a me introduzir nesta Academia de Letras.

Grato a todos pela atenção. Grato à minha mulher Regina Célia, minha doce companheira, pelo respaldo e compreensão. Grato a meus filhos, Lucas e Gesiel Neto, os quais me apóiam com respeito, paciência e cumplicidade.

Grato, por fim, pelas portas que a mim se abrem, em Sorocaba, nesta bela Biblioteca, para a qual ofereço meus livros, volumes diversos e em cujas páginas entrego-lhes o melhor de mim.

Muito obrigado.

 Da direita para a esquerda, Gesiel Jr., Gilberto Tenor, Geraldo Bonadio e Ana Maria de Souza Mendes

 

  Gesiel Jr., recebendo o Diploma de acadêmico, das mãos da confreira Maria Aparecida Almeida Dias de Souza.

 

 

Acadêmicos, familiares e amigos prestigiaram a posse

 

 Da direita para a esquerda: Gilberto Tenor, Myrna Ely Atalla Senise da Silva, Ana Maria Souza Mendes e José Rubens Incao