Um novo craque no time de colunistas do ROL: Eduardo Werneck!
Mais um grande intelectual entra para o grupo de colunistas do ROL: Eduardo César Werneck
É com enorme satisfação, orgulho mesmo, que apresento aos leitores o escritor e historiador Eduardo César Werneck. Especialista, mestre e doutor em Ortodontia, ele tem várias e importantes obras publicadas e é acadêmico titular da Academia Brasileira de Odontologia. É também presidente da Academia Cruzeirense de Letras e Artes, cidade onde mora e trabalha. Entre os livros escritos e publicados por ele estão: ‘Cruzeiro – estrela ou cometa’, ‘Marquês de Paraná’ e ‘Football and dreams’. Nesta edição sua primeira contribuição para o nosso jornal. Espero que ele continue como colaborador, enviando artigos para publicação em sua coluna abordando o que e quando quiser, mas também, se possível, enviando noticias e acontecimentos ligados à cultura para serem publicados como matéria editorial. Seja bem-vindo, mestre Werneck! A comunidade ROL o saúde efusivamente! (Helio Rubens, editor)
Recebi um convite, e ao mesmo tempo um desafio, do meu caríssimo amigo Helio Rubens, para escrever no Jornal ROL. O Helio faz parte de uma galeria de personagens que um dia estará em um livro que escreverei. Já tem até título: “Dos amigos que fiz para os livros que pesquisei”. Foram poucos os livros, mas preciosos os amigos…
Um dos livros foi o “Marquês de Paraná”. Em verdade um exercício de História do Brasil, particularmente da primeira metade do século XIX, quando tudo o que pesquisei sobre o personagem, aconteceu.
Neste período, nosso país se fez independente, trocou de Imperador, experimentou um pouco da República (em meio ao período das Regências), e conheceu crises, golpes, revoluções e todo tipo de problema político que sempre foi uma característica nossa, assim como as jabuticabas…
Quer um exemplo ? Simples ! Qual é hoje uma das grandes questões a ser sempre aventadas como panaceia e solução a nossa política ? Dirão alguns: o voto distrital !
Você sabia que ele já existiu ? Lá no Império, aos tempos de D. Pedro II. Teve um grande responsável para isto, Honório Hermeto Carneiro Leão (1801-1856) – o marquês de Paraná.
Honório (para simplificar e como seu biógrafo “me” autorizo) era um mineiro de Jacuí (MG) que foi tudo neste país. Pobre, conseguiu estudar em Coimbra (uma aparente contradição), diplomando-se em Direito. Como “juiz de Fora” começou sua carreira em São Sebastião (SP) – quase chegou ao “Supremo” de então – mas, ali não esquentou banco, e logo sairia eleito deputado para uma legislatura importante, aquela que daria alma a um período de grandes inquietações – a abdicação de D. Pedro I.
Era “bico duro”, e logo o denominaram como “vice-Rei”. Fez fortuna na política (de obscuro deputado foi ministro da Justiça aos 32 anos, presidente das províncias do Rio de Janeiro e Pernambuco, duas vezes presidente do Conselho de Ministros, Senador, membro do Conselho de Estado e ministro Plenipotenciário no Uruguai) e na vida (fazendeiro e cafeicultor e proprietário da Fazenda Lordello em Além Paraíba – MG), em 25 anos saiu da pobreza (iniciando como alferes em Ouro Preto – MG) até a presidência do Conselho de Ministros, ou seja, acima dele somente D. Pedro II (o Pedro “Banana” como os críticos o tratavam).
Pior, em meio ao período da Conciliação (1854-1856), quando presidente do Conselho de Ministros, em uma Câmara que sabidamente entendia que esta nova forma de política a prejudicaria, conseguiu passar a “Lei dos Círculos”, hoje chamada de… voto distrital. Pois sim, nunca prestamos atenção em nossa história e desta forma repetimos erros…
Quer saber o que aconteceu ?
Claro, em se tratando de Brasil, a Lei dos Círculos somente vingou em UMA eleição, pois Honório morreu pouco antes das eleições acontecerem, e logo na eleição seguinte a legislação foi desvirtuada, e ao invés de um deputado por círculo entrariam três, com beneplácito do próprio Imperador, afinal, você já percebeu quantas vezes nós já mudamos nosso Código Eleitoral ?
Honório sabia disso, pois não queria a concentração de poderes em uma só classe, algo que o voto em listas (a regra de então) sempre trazia e aprovou a lei de 19 de setembro de 1855. Havia “um outro lado” o voto em círculos seria um potencial responsável pelo decréscimo de qualidade dos políticos eleitos. Porém, esta é outra história e que ficará para outro dia…
Eduardo César Werneck
Especialista, Mestre e Doutor em Ortodontia
Acadêmico Titular da Academia Brasileira de Odontologia
Presidente da Academia Cruzeirense de Letras e Artes
Autor de vários livros, e dentre eles: “Cruzeiro – estrela ou cometa”, “Marquês de Paraná”, “Football and dreams”.