Eduardo Werneck: a 1ª Feira Literária de Cruzeiro

Eduardo Werneck

A (primeira) Feira Literária de Cruzeiro

A cidade de Cruzeiro, que durante a Revolução Constitucionalista de 1932, foi referência importante, primeiro pelo “inexpugnável” Túnel da Mantiqueira (que um dia caiu), e segundo, pelo local onde foi assinado o armistício, no dia 2 de outubro (e também a data em que se comemora o aniversário da cidade), será neste mês “abençoada” por outro relevante acontecimento !

Nos dias 6 e 7 de outubro, portanto, ainda nesta semana teremos a – 1a Feira Literária – de nossa cidade.

Estranho, esperamos 116 anos para que isto se verificasse. Não o foi certamente, por falta de quem apreciasse literatura (ou cultura), por que já tivemos escritores com obras consistentes, como Pedro Gussen e Vasco de Castro Lima, entre outros.

Alceu Amoroso Lima (o Tristão de Athayde) que foi um exemplo do pensamento conservador e membro da Academia Brasileira de Letras, andou pelas ruas de Cruzeiro. Foi à feira (de hortifrúti mesmo…) e até uma anedota sobre este tema corre pela cidade. Veio para uma palestra numa primeira tentativa de se criar uma Academia aqui também, nos longínquos anos 40.

Joracy Camargo, também da Academia Brasileira de Letras, tinha um “que” especial pela cidade. Aqui por exemplo, apesentou sua famosa peça teatral, na década de 60, e que o consagrou mundialmente – Deus Lhe Pague – em nosso Teatro Capitólio (e conheço outra anedota a respeito disto).

Mas agora não, há pouco mais de uma anos fundamos a nossa Academia ! Eram 13 os heróis daquela fria tarde de 23 de julho de 2016. Alguns, mal começou, saíram, outros entraram, e nesta semana, virá para fazer história, o primeiro evento cultural importante da Academia, e o que é mais enobrecedor, nunca antes ocorrido na cidade.

Poetas, romancistas, cronistas, memorialistas, artistas plásticos, fotógrafos, músicos, escultores, ou seja, muitos representantes das diversas formas de culturas preenchendo espaços e tempos por dois dias naquele que é considerado o templo maior de Cruzeiro, o Museu “Major Novaes”.

Foi aqui, neste local, a sede de uma antiga fazenda, que a cidade nasceu, e por ser a mais jovem de todas da região recebeu a alcunha de Cidade-Menina !

Pois esta menina, ora endiabrada, agindo como uma adolescente feliz e sem vícios espera receber de braços abertos todos aqueles que gostarem de todas as formas de expressão da cultura.

É a primeira festa. Virá com muitas dificuldades e erros, mas será o aprendizado para que muitas outras possam acontecer.

Enfim, em menos de 24 horas de programação, mais de uma dezena de livros serão lançados ou apresentados, quase uma dezena de conferências, mais de uma dezena de artistas plásticos, escultores, fotógrafos apresentando seus trabalhos. E música, muita música, e da melhor qualidade.

Se você acha que é pouco, haverá uma curadoria especial, onde a poesia será o objeto maior da 1a Feira Literária de Cruzeiro !

Por isto, que tenho repetido à exaustão, perante tudo o que programamos, sem patrocínio algum de ninguém e nenhum recurso financeiro público, e relembrando uma velha música… Agora só falta você !