Élcio Mário Pinto: 'Tão perto da escrita, tão longe dos escritores – 2ª Parte

Os conteúdos apresentados em livros e outros encadernados devem refletir o trabalho da escola, não só a vontade particular deste ou daquele educador.”

 

Na 1ª parte, eu dizia da distância entre os leitores nas escolas de educação básica, crianças e adolescentes, em relação aos escritores dos textos utilizados pela escola com seus alunos.

Ficou a provocação aos leitores do ROL: e a preparação do ambiente escolar para acolher seus visitantes, escritores, poetas e outros que lá estejam para conversar com os estudantes?

Pensemos a respeito: quando recebemos uma visita em casa, lá vamos preparar os ambientes e oferecer o que temos de melhor em comes e bebes, além dos espaços prontos para mostrar e demonstrar nossa hospitalidade.

Do mesmo modo, em eventos e apresentações, independentemente do lugar e dos envolvidos, sua organização requer um mínimo de preparação. Os responsáveis então, desdobram-se para oferecer, aos que serão recebidos, tudo o que tiverem de melhor, afinal, quando preparamos a recepção, valorizamos o evento, o(a) convidado(a) e a nós mesmos.

Voltando para a escola, desde o portão, passando pelas salas de aulas, corredores e outros espaços educativos, a sala da secretaria, da direção e da coordenação pedagógica, tudo, tudo deve ser pensado para que o ensino e a convivência aconteçam do melhor modo possível.

É aqui que os problemas aparecem: qual é o horário disponível? E a rotina, precisa ser mudada? Estão todos cientes, na escola, de que no ambiente preparado deve acontecer o que valoriza todos os trabalhos realizados e que estes devem estar em sintonia com a apresentação? As eventuais diferenças e vontades por algum tipo de poder já foram pensadas e conversadas para que sejam superadas?

Note-se que se não é possível oferecer comes e bebes, esclareça-se sem qualquer problema. Quem se propõe, voluntariamente, entenderá sobre as dificuldades da escola pública quando não há recursos financeiros para tais gastos. Esta situação não será impedimento para que o trabalho aconteça. Mais importante do que oferecer uma mesa farta é oferecer uma recepção que valorize o que está para acontecer, ainda que somente água possa ser oferecida.

Os conteúdos apresentados em livros e outros encadernados devem refletir o trabalho da escola, não só a vontade particular deste ou daquele educador. Mas sem dúvida, que a mudança benéfica para toda a rotina escolar pode começar com o empenho e a dedicação de um(a) só educador(a).

Toda a organização escolar, como entidade viva, deve envolver-se e promover seus estudantes nos contatos com escritores e poetas, autores e visitantes, palestrantes e voluntários, que se ofereçam na contribuição pela melhor educação desejada. Então, retome-se o que foi escrito na 1ª parte: fazer contatos, convidar e oferecer espaço para a apresentação e conversar com os estudantes, a começar pelas crianças. Para tal realização, preparar o ambiente, envolver estudantes e profissionais, alterar a rotina escolar e oferecer às crianças e jovens novos horizontes possíveis, afinal, o mundo externo à escola não para enquanto as aulas acontecem.

Vamos juntos, promover a abertura de mentes e corações que a Educação tanto requer de nossa espécie.

Se não nascemos sabendo, podemos saber mais e melhor. É o que faremos!

 

 ÉLCIO MÁRIO PINTO – elcioescritor@gmail.com

01/11/2017