Eduardo César Werneck: 'A história por trás da história de vida, dos grandes médicos do passado!'

A história por trás da história de vida, dos grandes médicos do passado !

Eduardo César Werneck – drwerneck@uol.com.br

Joaquim Nabuco disse certa vez que um de nossos grandes problemas é que nossos
heróis não tem sombras. Volta e meia, fatos curiosos, outros nem tanto, vem sendo
evidenciados pelos jornalistas/escritores. Laurentino é um dos maiores exemplos !
Quem sabe, por exemplo, quantas vezes Carlos Chagas foi formalmente indicado
ao prêmio Nobel de Medicina ? O que ninguém sabe é que foi mais de uma vez ! Em 1921
era “barbada”. Pior, sua candidatura foi “minada” por um grupo de médicos da Academia
de Medicina ! A razão ? Claro, a “velha” inveja humana que sobra nos medíocres e
bajuladores…

 

Foto 1 – Éramos motivo de pilhérias por parte dos argentinos

Quem sabe a razão de Carlos Chagas ser preso nos primeiros momentos do Golpe
de 1930. Ou você não sabe, que houve um golpe no Brasil, chamado de “revolução” em
1930, impedindo que um presidente eleito – Júlio Prestes – na forma da lei à época,
chegasse ao poder ! A razão da prisão de Carlos Chagas ? Novamente, a inveja…

 

FOTO 2 – Os políticos se aproveitando da ignorância popular

Não existe santos e nem demônios mas, tão somente seres humanos. Uma das
razões sinceras, por parte de alguns poucos realmente honestos, Adolpho Lutz entre estes,
para se opor a Chagas era o incrível acúmulo de funções e cargos feito pelo mesmo. Diretor
do Departamento Nacional de Saúde Pública; também diretor, do então IOC (hoje
FIOCRUZ), e ainda, mantendo aberto um consultório particular no Rio de Janeiro. Como
conseguia ? O dia tinha mais de 24 horas ?

Ah ! Tem Adolpho Lutz. Um dos maiores pesquisadores que o Brasil já teve, e
juntamente, com Emílio Ribas, replicaram em São Paulo, no início do século passado, uma
pesquisa de estarrecer. Se deixaram picar por insetos “fartamente saciados de algum
sangue amarelento”. Queriam saber, qual era a forma real de propagação desta doença.
Lembre-se, a febre amarela devastava o Brasil, e a partir de uma pesquisa, com controverso
rigor científico (hoje seria proibida pelos Comitês de Ética), tentava-se colocar um pouco
de luz a uma ciência no Brasil de “Jecas Tatus” – a Medicina Tropical.

A pesquisa de ambos dará embasamento a Oswaldo Cruz, na gestão do presidente
Rodrigues Alves (um Monarquista) para finalmente erradicar esta doença, levando, num
prazo de três anos, (conforme o prometido) a diminuição do número de infectados de tal
forma que a epidemia será levada para números de uma endemia. Oswaldo Cruz chamava
Emílio Ribas de “mestre”. Não era à toa. Porém, em 1917, conseguir uma vaga na
Academia Brasileira de Letras (sem ter escrito um livro) concorrendo e ganhando de um
poeta de “ofício” (no caso Emílio de Menezes) foi demais…

Assim, pesquisando temas sem nenhuma preocupação em estabelecer um eixo de
condução linear, na história do Brasil, pretendo relembrar e discutir o papel de brasileiros,
que num tempo de pouquíssimos recursos conseguiram fazer por exemplo, no XIV
Congresso Internacional de Higiene e Demografia, em Berlim, em 1907, que o Brasil
recebesse a Medalha de Ouro.

Não pense que tudo era perfeição. Não era ! Porém, bem diferente de hoje. Afinal,
pelo que estaríamos aptos a receber agora qualquer tipo de reconhecimento ? Quem sabe
de corrupção, pois “nunca antes na história deste país”… Quem não se lembra disto…

Por isto, Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, Adolpho Lutz, Emílio Ribas e muitos
outros serão contemplados, em 2018, com um livro ressaltando o que precisa ser
evidenciado, mesmo que isto signifique algumas sombras…