O leitor participa: Cassiano Ricardo Miranda, de Sorocaba (SP), com o poema: 'Lavorando de clássico a clássico…'

“Plantei uma muda de poesia/ E, ao mesmo tempo e bem perto dela,/ Plantei uma semente de mudança…”

 

Lavorando de clássico a clássico…

Plantei uma muda de poesia

E, ao mesmo tempo e bem perto dela,

Plantei uma semente de mudança…

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Depois de alguns dias,

A primeira, claro que um pouco mais viçosa,

Começou a poetizar e a crescer…

A segunda, ainda sob os mantos da terra,

Começou a crescer e a se revelar uma nova muda…

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A primeira muda (poesia), já adolescente,

E a segunda muda (mudança), já saltando da infância

Para uma nova adolescência que alcança

Uma das últimas fases da adolescência da primeira…

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De repente a segunda muda abraça a anterior e atual,

A adolescência mais jovem alcança

E abraça a adolescência menos jovem,

E ambas descobrem que, de mudas em comum,

Tinham apenas a biologia terrena,

Mas, de mudas, caladas, não tinham nada,

Pois eram e ainda são inquietas, pulsantes,

Comunicativas e sempre atuais, derradeiras e jovens:

Percebem que nem toda poesia é absoluta ou eterna,

Que nem todo passado é retrógrado ou estéril,

E que nem toda atualização ou mudança

São uma proposta daninha…

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Assim a poesia e a mudança

Encontram-se e caminham juntas,

Ora unindo e confrontando tradições,

Ora produzindo e conciliando resultados clássicos,

Abertos e ávidos a novas plantações e interações!!!

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Assim brota, primeiro, a poesia singela,

E brota, em seguida, a mudança…

E ambas se abraçam e se confrontam,

Dão sempre um jeito de se realinharem

E tornarem o solo sempre fértil

Para as gerações artísticas atuais,

Ora meio experientes, ora recém-nascidas,

E para a posteridade poética, sempre mutável,

Passo a passo, de interação em interação,

De revolução em revolução,

De clássico a clássico…

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Cassiano Ricardo Miranda (Sorocaba/SP, 30/03/2018).