Jairo Valio: 'Alma de poeta'

“A alma do poeta,/ suave como criança que dorme,/ tem seus privilégios,/ pois  jamais acalenta ressentimentos,/ tampouco se curva à tentações escusas.”

 

ALMA DE POETA

A alma do poeta,

suave como criança que dorme,

tem seus privilégios,

pois  jamais acalenta ressentimentos,

tampouco se curva à tentações escusas.

 

Se ver extenuada pelas dores,

uma mãe vendo o filhinho passando fome,

buscando desesperada sobras até de lixos,

e ao ver que conseguiu ali,

um pão que sacia a fome,

o poeta enxuga as lágrimas e sorri.

 

Seus dons, privilégio que poucos têm,

emprega-os para colorir o mundo,

plantando jardins de flores encantadas,

que florescem lindas e perfumadas,

e que uma criança oferece a sua mamãe.

 

Aos apaixonados,  sabe o poeta

mostrar-lhes um lindo pôr do sol,

onde  as nuvens se pintam para os acariciar.

E a noite vem depois, com um céu

pleno de lindas estrelas e brilhante lua

convidando-os a amar.

 

Alma de poeta tem paixão pela natureza,

tudo é motivo para alegrar seu coração que pulsa.

Ao ouvir o canto dos pássaros no alvorecer,

contemplando a mata de flores coloridas

e borboletas azuis que lhe vem enfeitar

 

Se percebe que um casal não sorri por motivos fúteis,

procura o poeta tocar seus corações,

convidando-os à reconciliação,

e só se afasta quando o amor volta a ser como antes.

Afinal, sempre se amaram e as razões foram tão pequenas,

e os filhos que geraram não são culpados

por suas desavenças.

 

Ao ver o casalzinho ainda apaixonado,

mesmo que a idade lhe tenha ceifado o vigor de antes,

e o outono de suas vidas, aos poucos, se aproxima,

nas rugas que vão surgindo ao caminhar dos anos,

o poeta exulta ao perceber que o amor ainda reina,

na troca de carinhos e afagos.

 

Jairo Valio – valio.jairo@gmail.com