No próximo domingo, 27, os diretórios municipais do Partido dos Trabalhadores foram instruídos a realizar atos de lançamento da candidatura faz-de-conta do ex-presidente e atual presidiário Luiz Inácio, embora até as pedras das ruas saibam que é mais fácil o Brasil reinstalar a monarquia e o príncipe de Orléans e Bragança assumir o trono do que Lula ultrapassar a barreira da Lei da Ficha Limpa.
Discute-se a conveniência de ser definido já neste domingo um vice para a chapa. Em caso afirmativo, equivalerá à indicação da identidade do verdadeiro candidato, depois que a quimera lulista for fulminada pela Justiça Eleitoral.
|
Ademais, seria desfeita a expectativa quanto a quem encarna o plano B, com Fernando Haddad ou Jaques Wagner recebendo a benção do Lula. Como ambos são certeza de fracasso, soaria o alarme para todos os fisiológicos se bandearem em busca de candidaturas viáveis às quais possam se atrelar.
Enfim, o comezinho bom senso seria mais do que suficiente para os dirigentes petistas decidirem não anunciar vice no domingo. Mas, como bom senso é um dos artigos mais em falta no partido ultimamente, deles tudo se pode esperar, até que cometam mais esta lambança.
De concreto, Lula e seus paus mandados se mostram irredutivelmente hostis à ÚNICA possibilidade de o PT pelo menos disfarçar sua decadência na próxima eleição: uma composição com Ciro Gomes ou Guilherme Boulos. Insistem em, sozinhos e altaneiros, acrescentarem mais uma derrota à coleção.
Aliás, tal previsão agourenta proveio de um seu xará, o rei Luís XV da França. E se confirmou, pois duas décadas mais tarde cairia a monarquia francesa.
Por último: como nem o impeachment da Dilma e a prisão do Lula convenceram a esquerda brasileira a retomar o caminho da luta contra o capitalismo, ao invés de continuar plantando ilusões democratico-burguesas na cabeça dos explorados, só nos resta torcermos para que, com o fiasco que se prenuncia nas eleições de outubro, a ficha finalmente caia.
Desconstruindo a si próprio e travando a domesticada esquerda atual (igualmente cheia de vícios conciliatórios), o PT talvez esteja, sem querer, abrindo espaço para a afirmação de uma nova esquerda. Uma esquerda de verdade, disposta a ir à raiz dos problemas, liderando o povo numa transformação em profundidade da sociedade brasileira.
É a esperança que sobrou, então temos de apostar nela.
E, mais do que tudo, temos de apostar em nós mesmos e agir, pois o sebastianismo nada de bom trouxe no século 16, nem trará agora.
| |