Por onde anda? Rogério Sardella entrevista Sylvio Galvão
Rogério Sardela: ‘Por Onde Anda?’
Por Rogério Sardela
O entrevistado da vez é o jornalista, escritor, poeta e monografista Sylvio Galvão.
Nome conhecido na região de Itapetininga, ele lançou vários livros, assessorou políticos e ensinou outros que estavam começando. De Santo André para Sarapuí e a mudança para o sertão do Ceará, entre muitos outros assuntos especialmente para o leitor do Jornal Cultural ROL.
a segunda metade da década de 1990 ele emprestou seu talento para veículos de comunicação de diversas cidades, incluindo Itapetininga, Sarapuí, Sorocaba, entre outras.
Desde que deixou sua terra natal, o menino de Santo André/SP, se ‘aventurou’ Brasil afora, indo parar, acredite, no distante sertão do Ceará, mas esta parte fica para o final desta deliciosa e curiosa entrevista com Sylvio Carlos dos Santos Galvão, ou melhor, Sylvio Galvão.
Quem já teve a oportunidade de ler seus livros ou artigos pela Internet, não imagina como tudo começou.
Nascido em família de pais professores, o filho de Maria Madalena dos Santos Ribeiro e Severino Galvão, estudava Química numa escola técnica industrial quando aos 12 anos escrevera um poema e aos 14 resolveu inscrevê-lo num concurso interno promovido pelo colégio.
“Estudei muito, tomei gosto e continuo até hoje, graças a minha família”, enfatiza o entrevistado, muito orgulhoso de sua trajetória.
O poema Noite e Dia, que o despertou para o mundo da escrita, surgiu em um local inusitado: no banheiro.
“Pode parecer engraçado”, diz Sylvio, revelando que conquistara o primeiro lugar no referido concurso.
A partir daquele momento o então adolescente não parou mais e inscreveu outros textos, os quais também foram premiados e ele descobriu que seu negócio não era Química e que sua verdadeira vocação era Letras, partindo então para a faculdade.
Casado atualmente com Silvana Marino, o jornalista é pai de Vinícius Cardoso Galvão e Guilherme Cardoso Galvão, frutos do primeiro relacionamento. Os filhos residem em Boituva/SP.
Trabalhos na Região
Em 1997 Sylvio Galvão desembarcava em Sarapuí/SP, também conhecida como a ‘Cidade da Paz’. Lá, foi assessor político, trabalhou em jornais, rádio e chegou até a comandar uma escola preparatória para concursos.
Segundo o entrevistado, a área política foi além de Sarapuí, abrangendo também cidades como Capela do Alto, Itapetininga, Araçoiaba da Serra, Guarujá, ABC e Assembléia Legislativa. “A minha vocação política era pelas minhas opiniões e também pelas monografias de Direito, então o autodidatismo me ajudou muito nisso”, observou o jornalista.
Talentoso
Além de poeta, Sylvio também é ensaísta e cronista. Já escreveu oito livros e tem outros para publicar.
Seu primeiro título foi Palavreando, um Segundo de Poesia (1999). O escritor recorda-se que na época da crise do apagão, ocorrida durante o fim do governo FHC, lançou Apagão Poético (2001), todo em preto, com crônicas, numa alusão ao momento que atravessava o País.
De acordo com o jornalista, posteriormente vieram outros livros, entre ao quais dois são especiais: A Partir de Mim (ensinando idosos a escrever suas autobiografias e que resultou em curso do tema) e Virei Idoso, e Agora?, sua última obra publicada.
“Nunca soube fazer uma coisa só ao mesmo tempo, o que me custou um pouco da minha saúde, mas não me arrependo disso e se conseguir fazer mais, seguirei, principalmente no que diz respeito ao conhecimento, porque isto a gente não engaveta, passa para a frente”, ensina.
O autor conta que chegou a vender os direitos autorais de uma de suas obras para uma autora mexicana e que entre obras inéditas estão temas sobre Mercado Financeiro e o cotidiano das primeiras-damas.
Autor escreveu sobre Jair Rodrigues
Sylvio Galvão revela que concluiu um livro sobre a vida do cantor Jair Rodrigues e que misteriosamente o material desaparecera da gráfica. E um detalhe intrigante: o sumiço aconteceu dois dias antes do sepultamento do sambista.
E o talento de Galvão também rendeu quatro textos para o teatro, além de artigos para diversos jornais e lugares.
Jornais de Sarapuí
Durante sua passagem pela ‘Cidade da Paz’, Sylvio criou o jornal Panorama de Sarapuí. Não demorou para que surgisse uma parceria com a MHM Comunicações de Itapetininga e então surgia mais um veículo de comunicação: O Popular de Sarapuí.
Rádio
Um ano e meio. Esse foi o tempo em que Sylvio atuou na Rádio Comunitária Criativa FM. “A experiência na imprensa falada foi fenomenal, uma das mais impressionantes na minha vida”, destacou o jornalista, que anteriormente havia realizado trabalhos também para jornais de Pilar do Sul e no próprio Cruzeiro do Sul, de Sorocaba.
Assessor parlamentar
Outra passagem marcante para o entrevistado foi a experiência de trabalhar como assessor parlamentar. “Muito gratificante, até porque eu não havia estudado isso. Aprendi com o autodidatismo e pude ajudar Guareí na época da construção dos presídios, além de Sarapuí por quatro anos como assessor do gabinete da vereadora Maristela Gonzales, depois como assessor legislativo da própria Câmara de Sarapuí, mas fazia outros trabalhos nas Câmaras de Tatuí e Alambari, onde dei cursos para prefeitos e vereadores que estavam começando. Sempre digo que o político tem que atender aos interesses do povo”, observou.
Amizades e perdas
Em Sarapuí Sylvio viveu vários momentos de sua vida, muitos de alegrias e claro, também de tristezas, como dos momentos em que sepultou toda sua família. Para lá ele garante não voltar mais.
Após ter deixado Sarapuí, Sylvio foi para São Paulo, Praia Grande e Sorocaba. O escritor revela ter sofrido um enfarto aos 47 anos e que devido a isso, ficou algum tempo sossegado, mas como ele mesmo reconhece ser ‘aventureiro’, não demoraria para que logo o destino o levasse para distante.
A Internet e um novo amor
Sylvio foi mais um a conhecer alguém pela Internet, se apaixonar e ir atrás desse amor, mesmo que sua cara-metade estivesse muito, muito longe fisicamente.
Assim conheceu Silvana Marinho, com quem casou-se. A esposa está no momento em Fortaleza.
Sobre o sertão do Ceará, o jornalista morou numa cidade chamada Tejuçuoca e diz nunca ter vivido algo semelhante. “Não recomendo para ninguém, acrescentando: “o que o Globo Repórter mostra é para turista”, avisa, justificando seu retorno para Sorocaba.
Fé
O jornalista é maçom.
Momento atual do País
Para Sylvio, o momento atual brasileiro é de “baderna” e que “chega a lembrar o trotskismo, onde virou tudo anarquia, onde anarquia é a ordem”.
Ele não acredita em esperanças para os comandantes do País e menciona que se elas existirem, não viverá para ver. O Brasil é errante há 500 anos e não vamos consertar isso em 50. E não vou viver mais meio século”, salienta.
Editora
Com tanto talento Sylvio Galvão criou a editora Tecido Verbal. “Foi meu sonho, criada e desenvolvida em São Paulo, na Av. Paulista e aqui em Sorocaba na Av. Santa Cruz, mas é aquela história, as pessoas quando te veem prosperando, puxam o tapete”, lamenta, mas que a marca continua sendo sua, embora as atividades neste momento estejam desativadas.
Particularidades
Entre vários nomes da MPB, o jornalista aprecia principalmente Chico Buarque de Holanda, não somente na música, como na literatura e teatro e outros trabalhos, além de Vinícius de Moraes.
Ainda sobre Chico Buarque, suas músicas favoritas são Sobre Todas as Coisas e Retrato em Preto e Branco, esta última em parceria com Tom Jobim. Já seu autor predileto é Pablo Neruda e filme especial Lembranças.
Para Sylvio, seu prato preferido é frango e que bebida “depende do momento”.
Sonho
Aos 53 anos, o escritor diz que o único sonho que até então não havia sido realizado, logo se tornará realidade, mas a notícia ele já tem: será avô pela primeira vez.
Política
Sylvio Galvão admira dois nomes na política. O primeiro é o ex-presidente Lula, mas com “ressalvas”. O outro é Luís Eduardo Magalhães, morto aos 43 anos, em 1998, vítima de ataque cardíaco.
A tecnologia e a mídia impressa
Nos dias atuais muito se especula sobre o hábito de ler livros em versão impressa ou no que há de mais moderno oferecido pela tecnologia, como computadores, celulares e tablets.
Expert no assunto, Sylvio não acredita que a digitalização tenha ‘engolido’ a mídia de papel, aliás, “nem vai acontecer”, diz. “Existe o ritual de ir a livrarias, nem que seja para ver. O que a tecnologia fez foi lançar muitos autores, mas de 100, dois tem qualidade”, dispara.
Em relação ao jornal, Sylvio comenta que “ainda tem que ser lido no papel”, pois “nem todos tem a possibilidade de ler pelo celular ou notebook”. Ele vai mais longe: “jornais e revistas tem que ir para as escolas, os alunos tem que olhar, folhear, não ficar digitando. Espero nunca ver jornais e revistas sumindo das bancas”.
Segundo o jornalista, a dica para o desenvolvimento da escrita é a leitura. “Se não ler, não escreve”, ensina.
Considerações finais
Amante da vida, o entrevistado lamenta ter nascido “ser humano”, já que gostaria de “viver para sempre”.
Se pudesse voltar no tempo e mudar alguma coisa em sua vida, Sylvio diz que não teria se aventurado tanto, mas que “não é um arrependimento que lhe machuca, como por exemplo, ter saído de uma empresa boa para uma não era tanto, ter casado três vezes, mas que se tivesse que repetir, “faria tudo de novo a partir de agora”.
E por onde anda Sylvio Galvão, hein?
O jornalista reside atualmente em Sorocaba/SP. Garante que voltará a escrever até aposentadoria sair.