O lançamento do livro 'Porque não fui padre!', de Élcio Mário Pinto, foi marcado por lembranças e muita emoção

O escritor lançou o livro no dia de seu aniversário (1º de setembro), na terra natal (Angatuba/SP) e na escola onde cursou o ensino fundamental (E.E. ‘Dr. Fortunato de Camargo’)

A execução do Hino Nacional Brasileiro

O 36º livro do escritor angatubense Élcio Mário Pinto ‘Porque não fui padre!’, lançado no dia 1º de setembro, foi marcado por lembranças e muita emoção. E por razões óbvias: dia do aniversário do autor, na cidade natal (Angatuba/SP) e na escola estadual ‘Dr. Fortunato de Camargo’, onde cursou o ensino fundamental.

Não bastasse esses ‘ingredientes emocionais’, o livro, de 850 páginas, prefaciado pelo Professor Doutor José Carlos Libâneo, e publicado pela Editora Essencial, narra o período em que o escritor esteve em Sorocaba (1985-1991), no Seminário ‘São Carlos Borromeu’, em preparo para o sacerdócio.

Da esquerda para a direita, Jorge Paunovic e Helio Rubens de Arruda e Miranda

A abertura do lançamento mereceu toda a ‘pompa e circunstância’, com a execução do Hino Nacional Brasileiro e o Hino de Angatuba e contou com a presença do presidente e vice-presidente da Academia Itapetiningana de Letras, respectivamente, Jorge Paunovic e Helio Rubens de Arruda e Miranda, este, também, editor do Jornal Cultural ROL – Região On Line

O Cerimonial, conduzido por Otacílio Paulino Pinto Júnior, dividiu o lançamento em vários momentos, intercalando breves falas com apresentações musicais e exibição de vídeos e áudios, com homenagens ao escritor.

O cenário foi planejado e elaborado pelo irmão do escritor, o professor Carlos Alberto Pinto (Beto), representando de um lado do palco a escola, com suas carteiras antigas e com a presença de sobrinhas e sobrinhos do escritor, devidamente caracterizados de alunos (com uniforme da ‘Fortunato’) e do outro lado, o guarda-roupa (detalhe que compõe a capa do livro).

Adriana Rocha, apoiadora cultural do escritor

Usaram da palavra Adriana da Rocha Leite,  escritora, advogada, esposa do autor e apoiadora cultural, por meio da Lexmediare Ltda; Carlos Torrez, da Editora Essencial,  Caique Ferraz, ilustrador do livro e João Simão Filho, representando todos os entrevistados do livro.

Nas apresentações musicais. destacando a ligação do escritor com a ‘Dr. Fortunato de Camargo’, foi prestada homenagem à escola, por meio do professor Luiz Antonio, que interpretou a música ‘Verdes Campos’.

A professora Lúcia declamou a música de Ataulfo Alves (1909-1969) – ‘Meus Tempos de Criança’ – de 1957.

O Trio Ferraz: à frente, Zé Divino; da esquerda para a direita, Romir e Ronildo

Destacando-se que o escritor Élcio Mário Pinto  sempre foi uma pessoa de vínculos e, por onde passou, deixou como sua marca a amizade sincera e que, na época do seminário, uniu pessoas tão diferentes, jovens de Angatuba, Sorocaba e Itapetininga, que os seguiam como se fossem seus discípulos, como agradecimento, em sua homenagem foi composta a música ‘Todos Nós’, com letra de Adriana Rocha e música de José Divino Ferraz e executada pelo Trio Ferraz, formado pelos irmãos Zé Divino, Romir e Ronildo, todos eles citados no livro.

Registrando  que a música sempre esteve presente na vida do escritor,  foi divulgada a música predileta dele: ‘A Porta do Mundo’, composta e cantada por Peão Carreiro e Zé Paulo

Momento de muita emoção para o escritor, foi o promovido por sua ex-professora Maria Aparecida Morais Lisboa, no curso do magistério da Escola Estadual ‘Ivens Vieira’, cuja entrada foi precedida pela interpretação da música ‘De volta para o meu aconchego’, executada pela cantora Lu Piu.

A professora entrou no palco trazendo consigo uma mala – tão presente no livro e na vida do escritor, como registrado pelo Cerimonial – e proferiu  seu discurso:

“Era uma vez um jovem Élcio Mário Pinto, que fora nosso aluno no curso do magistério da Escola Estadual ‘Ivens Vieira’, que decidiu largar sua família, seu trabalho, seus amigos… enfim, sua amada Angatuba para estudar no Seminário Diocesano ‘São Carlos Borromeu’, de Sorocaba.

Certamente, realizaria o sonho de ‘ser padre’. Decidir abandonar tudo é para os fortes… Decididamente era assim que determinava esse jovem de 20 anos.

Era 20 de fevereiro de 1985!

Penso que:

Quando partiu, Élcio levava as mãos no bolso, a cabeça erguida.

Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto.

Não olhava, pois é, pois não ficava completo.

Partiu!

Levava consigo uma mala, é claro!

Mas não a mala que esperava ter ganhado da professora Maria Aparecida, igual a que ela presenteou seu ex-aluno José Benedito Cardoso para ir ao mesmo Seminário.

Enfim… trinta e três anos se passaram e hoje, Élcio,  a professora Maria Aparecida lhe oferece uma mala.

Uma mala:

– Que não Transportou seus pertences quando da sua ida e permanência no Seminário, em Sorocaba.

– Não esteve consigo nos momentos de solidão, que pudesse tirar de dentro dela algo que o confortasse das friezas do grande corredor, do parco alimento da cozinha e mesmo da biblioteca, seu espaço mais acolhedor do Seminário.

– Não guardou livros que você comprava a prestações, às duras penas.

– Não o acompanhou em São Paulo, quando da sua estada no Seminário Teológico “São José”.

– Não se juntou às malas do:

Adelino/ do Almir/ do Altair/ do Antonio Carlos/ do Catel/ do Cido/  do Claudinho/ do Dimas/ do Flávio/ do Joãozinho Medeiros/ do Jorginho/  do Levy Jr/ do Luiz “Capela”/ do Luiz “Pacotão”/ do Manoel Jr/ do Marcos Moraes/ do Narciso/ do Paulo Henrique/ do Paulo “Tatuí”/ do Pedro Donizete/ do Ramiro/ do Renato/ do Rubinho/ do Rubão/ do Simão/ do Simões/ do Trombeli/ do Willian/ do Wilson Roberto/ do Zé Benedito/ do Zé Branco/ do Zé de Deus/ do Zé Diniz/ do Zé Leite… colegas, amigos; malas depositadas no vai e vem dos bagageiros da vida, transportando quiçá, as mazelas, as incertezas, porque não o aprendizado, os testemunhos de fé, de esperança… lembrando que a messe é muito grande para ceifarem, em um só lugar, respondendo com amor e fidelidade à vocação.

… NÃO, ela não se juntou à essas malas!

– Não presenciou de muitos padres a indiferença ao exercício da pastoral diocesana.

– Não participou do acolhimento dispensado pelas comunidades de Sorocaba, de Itapetininga e de Angatuba aos seus compromissos pastorais, muitas vezes, sobrepujados pela árdua situação financeira nos espaços desafiadores, nas dificuldades de locomoção e no impedimento às celebrações.

– Não testemunhou suas idas e partidas aos encontros pastorais, muitos dos quais se tornaram desencontros pela falta de comunicação.

– E, também, ela sequer carregou os seus pertences quando do momento de desocupar o espaço amado, do último “adeus”, da ação evangelizadora, do medo de achar que tomou uma decisão errada, de pensar em querer voltar, principalmente, porque foram as maiores pedras que atrapalharam o seu caminho.

“Pai, perdoa-lhes! Eles não sabiam o que faziam”.

Não roubaram a esperança de dias melhores e de paz!

Com Cristo, aprendemos que o verdadeiro sentido da vida é PERDOAR! AMAR!

Ajuda-nos a AMAR mesmo nos momentos difíceis, quando ferido, traído… nas noites escuras das solidões, das amarguras e decepções, das indiferenças, das adversidades.

Élcio, ao colocar a semente na terra, não foi em vão. Não lhe preocupou a colheita. Você plantou para o irmão!

Entretanto: Novas decisões! Uma nova caminhada!

Entendo que a vocação primeira de todo cristão, portanto, a do leigo também, é a SANTIDADE.

Você vive a SANTIDADE juntamente com a fiel escudeira Adriana. SANTIDADE no exercício da sua profissão, espalhando conhecimento, cultura, ressignificando valores, renovando as almas, abrindo as mentes, aquecendo os corações.

Então, acontece o retorno aos lugares que jamais ousaria regressar.  De volta aos caminhos que a vida lhe traz… Que esta mala, estimadíssimo Élcio, siga consigo às trilhas que o destino revelar. Haverá, certamente, muito mais soma que subtração.

Não tenha pressa de chegar, nem de partir. Viva o que há para se viver!   Aceite. Ame. Partilhe momentos com a família, com os amigos. Escreva.  Escreva muito. Deixe que os olhos transbordem de emoção.

Siga o seu caminho sem medo de ser feliz!”

Tomado pela emoção, Élcio Mário Pinto agradeceu às homenagens e a todos que tornaram-lhe a noite inesquecível.

Encerrando a parte das homenagens, José Paulo da Rocha se pronunciou, falando em nome da família Rocha Leite, significativamente presente na vida do seminarista e, agora, também do escritor.

O lançamento foi encerrado com a execução da música ‘Cidadão do Infinito” e os autógrafos do livro, que foi oferecido pelo valor de R$ 50,00.

As pessoas que quiserem adquirir a obra poderão fazê-lo pelo e-mail adriana@lexmediare.com.br

Abaixo, momentos do lançamento:

O Cerimonialista Otacílio Paulino Pinto Júnior
Caique Ferraz, ilustrador dos livros do padrinho e escritor Élcio Mário Pinto