O escritor Élcio Mário Pinto lança seu 36º livro: 'Deuses na taverna: contos filosóficos'

‘Deuses na taverna: contos filosóficos’ foi deflagrado por um artigo escrito pelo filósofo alemão Martin Heidegger

 

O lançamento ocorrerá no dia 28 de setembro (sexta-feira), às 20h00, e no já tradicional local de lançamentos dos livros do autor: sua própria casa, carinhosamente denominada por ele e a esposa, também escritora e apoiadora cultural, Adriana da Rocha Leite, de ‘Casinha Mesquita’, transformada parcialmente no Estúdio Lexmediare (R. Cesarino de Barros, 156 – Júlio de Mesquita filho, Sorocaba).

O livro será oferecido pelo preço promocional de R$ 25,00.

36º lançamento do escritor, teólogo e filósofo Élcio Mário Pinto, ‘Deuses na taverna: contos filosóficos‘, publicado pela Crearte Editora,  e com o apoio cultural da Lexmediare Ltda., se destina ao público infanto-juvenil.

Como o próprio título do livro indica, trata-se de uma obra que reúne Mitologia e Filosofia. E, considerando-se que são dois campos do conhecimento de dificílima apreensão pelas crianças e mesmo com dificuldade para os jovens, o ROL entrevistou o escritor, abordando esta e outras questões que, certamente, também seriam as de seus leitores e os do próprio autor.
JR: Qual foi o fato deflagrador de um livro falando sobre deuses? 
EMP: O fato deflagrador foi um artigo escrito pelo filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) e que foi traduzido para o espanhol por Jorge Rodriguez, em 1963. No artigo, o filósofo explicava das razões em ficar com os lenhadores e recusar aos insistentes convites da universidade para nela trabalhar como professor. Ele responde que prefere ficar com a simplicidade dos lenhadores e conclui escrevendo: definitivamente, não! A partir do artigo, comecei a refletir sobre as festas religiosas (quaisquer religiões). Disto, passei a pensar: e se os deuses se recusassem a participar das nossas festas? E se eles decidissem visitar a Terra e dizer das suas razões, assim como Heidegger disse das suas? E assim “nasceu” o primeiro capítulo – “Musarca e o Início” – respondendo “Porque não vamos às festas!”
JR: E por que um livro sobre Mitologia para o público infanto-juvenil? 
EMP: Pensei em ampliar o alcance de meus escritos para os adolescentes, de modo particular, para o período escolar do ensino fundamental II (6º ao 9º anos) e do ensino médio (1º ao 3º anos). Isto também, porque o público estudantil aprecia o inusitado, o diferente, aquilo que ultrapassa o ‘normal’, as convenções e os limites impostos pela convivência. Então, o que de melhor poderia ser, se não uma convivência com deuses?  Minha reflexão, para a escrita, objetivando o público infanto-juvenil, também se norteou a partir destas questões: como seriam os deuses? Como seria estar com eles ou elas? Do que falaríamos? O que seria perguntado e respondido? E por aí, muitas interrogações respondidas ao longo dos 13 capítulos.  
JR: De que forma você julga que conseguiu torná-lo palatável ao público ao qual o livro se destina? 
EMP: Creio ter conseguido tratar de assuntos complexos – poder, morte, beleza, força… – pelos diálogos. Dialogar, mesmo envolvendo os deuses, é uma ótima forma de aprender, ensinar e dar-se a conhecer. É o diálogo, o condutor da escrita e por ele, com ele e nele, as dúvidas, as convicções, as certezas e as incertezas, tudo é colocado na “mesa” da conversa com questionamentos permanentes, afinal, se todo o nosso saber pode ser modificado, nossas certezas não são tão certas assim, não é mesmo? Embora apresente o texto a partir das reflexões próprias da Filosofia, os exemplos e os ambientes foram pensados para que tudo se concentre numa forma simples de entendimento. É possível tratar da Mitologia desta forma. Foi assim que escrevi.
JR: Os deuses elcianos têm alguma semelhança com os deuses da mitologia greco-romana? 
EMP: Não, não têm. De modo especial, quando tratam com os humanos sem ameaças e menos ainda, com punições. Não são deuses que castigam, que querem o melhor para si ou que fazem a humanidade sofrer satisfazendo-se com isso. São compreensivos e tolerantes. Querem ser conhecidos e estão, sempre, oferecendo ‘caminhos’ e possibilidades para uma vida feliz.
JR: Holóz tem alguma coisa a ver com outro lugar imaginário, no caso, Óz? 
EMP: Tem a ver com a imaginação e a crença, ‘onde’ os eternos SÃO. Não se trata de um lugar, mas de um estar. Dizemos lugar para que compreendamos melhor. Mas, assim como os deuses não existem, sempre SÃO, também SÃO sem que estejam num lugar. Para a criatura é difícil entender tal coisa, então, os deuses dizem de lugar.
JR: Como surgiram os nomes dos deuses, bem como dos demais personagens do livro? 
EMP: Todos os nomes, de deuses e humanos, assim como de lugares, surgiram como inspiração. Escrevendo, ‘abria’ minha mente para ‘captar’ a infinita quantidade de palavras possíveis com a união das letras. Elas que sempre “dançam” para mim e comigo, me ofereceram e fui escrevendo. Confesso que tive pouco trabalho para tal, como no 1º Capítulo: MUSARCA, nome do qual gosto muito, veio como a suavidade de uma brisa e a rapidez de um vento. Parece que o ‘Universo’ gosta que algumas coisas aconteçam imediatamente. Foi o que senti.