Carlos da Terra: mais um integrante do 'esquadrão' de colaboradores do Jornal Cultural ROL

Carlos da Terra é mais um Correspondente Cultural do ROL

 

Carlos da Terra é um escritor com mais de 15 livros publicados, impressos e digitalizados é também um confesso “amante da natureza e dos animais. Dedicou-se ao estudo da aprendizagem dos animais, escreveu um livro a respeito e tornou-se um adestrador de animais que fez sucesso aplicando a técnica da doma através do amor e não do castigo. Ativista politico dos anos 70, o também jornalista Carlos da Terra mora em Itapetininga/SP e sempre foi um dos mais entusiasmados leitores e colaboradores do nosso jornal e de todas as atividades culturais da cidade. Para nosso orgulho, aceitou ser mais um Correspondente Cultural do nosso jornal, assumindo a missão de sistematicamente enviar noticias sobre eventos culturais gratuitos e também, sempre que possível, textos opinativos.  (Helio Rubens)

Nesta edição pulicamos um texto primoroso de sua autoria, uma espécie de ‘auto-identificação’:

Os ideais da grande luta

Carlos da Terra

Por que brigam os homens?
O que motivam as barbáries, cada vez mais assustadoras?
Questões essas para as quais encontramos sempre muitas respostas, na maioria das vezes, conflitantes.
Sabendo eu, do sentimento e do conhecimento de mim próprio e de meus grandes amigos e companheiros da luta, talvez possa responder em parte, às intrigantes questões acima.

Lutávamos a ferro e fogo, pelos chamados “ideais”!
Nisso empenhávamos esforços e arriscávamos a vida, tanto a nossa própria, quanto a de nossos parentes.
Os chamados ‘idealistas’, quase em sua totalidade, pertenciam a uma divisão conhecida como ‘esquerda’, que, a despeito de não existir mais, ainda é citada por pura
ignorância.
Pode ser mesmo, que essa divisão até, jamais tenha existido; porque no fundo, atrás de filosofias ditas políticas, o que se buscava era a divisão de bens materiais, mais
especificamente, o dinheiro.
Se eu fui, ainda posso dizer que sou um dos idealistas. No entanto, há que se distinguir o ideal da paixão, coisa que, nos dias de hoje, se apresentam furtivas, confusas.
Quando se tem um ideal, baseia-se as ações, de qualquer natureza, em uma filosofia existente, que dispõe sobre a divisão de bens, principalmente.

Já, as paixões, são desarrazoadas; carecem do sentido mínimo de razão e de objetividade e frequentemente só levam à tragédia em casos de emoção muito forte e jamais por qualquer motivo razoável como dissemos.
Eu, se me permitem confessar, fui um desses idealistas e estive lado a lado com pessoas que se revelaram inimigos da humanidade, apoderando-se de recursos financeiros que foram destinados (por homens não mais honestos) para a saúde e alimentos de pessoas carentes de bens materiais e existenciais.
Alguns dos então líderes, traíram covardemente a confiança de seus seguidores, coisas que nos falam à razão, diferentemente das paixões, por exemplo, do futebol, que
não trazem maiores consequências, onde também se discutem e defendem ideias equivalentes.
Não tenho aqui, qualquer pretensão de pedir ‘desculpas’ e nem mesmo me justificar, porque continuo com o meu desejo de ver a humanidade fraterna, e ver nossas crianças nutridas e atendidas do ponto de vista amoroso também.

Era isso o que eu queria e é isso o que quero hoje, apesar de minha profunda descrença na força e na veracidade dos chamados “ideais” humanos.

O que quero dizer é que hoje, como antes, tenho o mesmo desejo de justiça e fraternidade, mas não penso mais, como antes, que uma filosofia política, como o Marxismo ou qualquer outra, possa alicerçar esse sonho.

Na verdade, alguns homens, independentemente de sua filosofia política – ou quer mesmo, que nem a tenham – podem realizar parte do meu sonho, ou seja, o
lado político não define a justiça e a generosidade na divisão de bens materiais.

Assim, não renego e nem aprovo tudo o que se fez, mas analiso em separado todos os assuntos pertinentes.
Eu aprovaria, sem qualquer hesitação, nos dias de hoje a transposição do Rio São Francisco, tivesse ou não alguma alternativa mais barata, como dizem agora.

Mas a verdade é que por justiça ou por generosidade que seja, jamais se pode deixar crianças passando fome e sede, sem que para isso se mova um dedo. Também o polêmico ‘bolsa família’ não deve ser renegado porque quem está em melhor situação, por uma questão humanitária e de sobrevivência de si próprio, tem a obrigação de ajudar aos desafortunados.
A isso estou a favor, mas não apoio e não acho digno de elogios as ações das mesmas pessoas, dos mesmos lados políticos, que propuseram bolsas racistas para cursos superiores e bolsas incentivadoras de crimes para presidiários.
Continuo não sendo da ‘direita’, mas apoio a liberação das armas para o cidadão trabalhador, para que possa defender a si e sua família, visto que o Estado já se mostrou
suficientemente incompetente e corrupto. Hoje, se você for assaltado em sua casa, por um dos milhares de bandidos, mantidos também pelo ‘bolsa presidiário’, você não tem um alfinete sequer para se defender. Não tem nem mesmo um estilingue, o que o torna refém da covardia.

Assim, não importa definirmos se somos da direita ou da extinta esquerda, mas o que continua importando são os nossos princípios de justiça e fraternidade.