Artigo de Leandro Camargo Oliveira, o Pingo: 'Uma nova vida, um novo recomeço, sobre rodas'

                “NÃO DEIXE OS OBSTÁCULOS DA VIDA TE VENCER!

LUTE, GRITE, SONHE, SEMPRE SERÁ CAPAZ DE VENCER, BASTA ACREDITAR!”  

           NESSA FOTO POSSO DIIZER SEM MEDO DE ERRAR QUE:

                      “ UMA VIDA PAROU E, OUTRA COMEÇOU! “

Pingo

 

INTRODUÇÃO DO LIVRO:

                  UMA NOVA VIDA, UM NOVO RECOMEÇO, SOBRE RODAS.

Introdução

Muitas pessoas me perguntam sobre o que eu acho e como é ser

tetraplégico. Se penso como seria minha vida se não tivesse sofrido acidente,

vou tentar responder:

1 . O QUE PENSO SOBRE SER TETRAPLÉGICO E QUAIS AS

MAIORES DIFICULDADES?

Desde que fiquei tetraplégico ainda estou tentando descobrir o que

é ter limitações, mas olho em volta e vejo outras pessoas que se julgam

‘normais’ e se vê que toda pessoa tem limitações e ninguém consegue

fazer tudo na vida.

O primeiro passo para descobrir como é ser tetraplégico e como

recomeçar a vida inicia com a vontade da pessoa em saber o que é lesão

medular, quais tipos de lesões, como se readaptar e voltar viver, saber

que não é o único no Brasil e no mundo que está preso a uma cadeira de

rodas e o mais importante: tentar sempre melhorar ou fazer algo novo,

diferente, não aceitar as limitações que a vida lhe impõe.

Sobre as maiores dificuldades penso que o fato de não ter controle

da bexiga, intestino é para mim o mais chato e constrangedor, também

em ver coisas acontecendo na minha frente e saber que poderia fazer algo

para ajudar ou correr atrás para ajudar alguém e ver que só não o faço por

ser tetraplégico, isso me deixa muito chateado.

Com certeza também o preconceito das pessoas ao olhar o cadeirante

ou qualquer deficiente físico com dó ou pena é algo muito chato. A

maioria dessas pessoas talvez nem saiba o que é lesão medular ou procuram

dar chance para um deficiente físico demonstrar que pode sim ser

igual ou melhor que as pessoas que se julgam ‘normais’.

A lesão na medula não é doença, e sim um defeito, que ainda não

tem tratamento ou cura, então se você vir um deficiente físico não fique

com dó ou pena; dê oportunidade à pessoa de demonstrar suas qualidades

e com certeza você verá que limitado é todo aquele que não se permite

conhecer novas experiências de vida, sejam elas quais forem.

Vejo também muitas pessoas saírem em defesa das pessoas com

deficiências físicas, mentais ou qualquer que seja seu problema. Pois

bem, a maioria dessas defesas é da boca para fora ou uma forma de se promover

e conseguir vantagem em algo, tendo em vista as cidades do Brasil

onde é raro o lugar que seja totalmente adaptado, que tenha calçadas

boas, rampas, etc…

Então, talvez o maior problema em ser deficiente não seja ser limita –

do, mas sim o fato de que o mundo prega a inclusão de todos, onde essa “in –

clusão” seja só uma fachada para se sentirem melhor ou menos culpados.

Com certeza têm também aquelas pessoas ou associações que

lutam e ajudam os deficientes, mas é a minoria. Eu mesmo tive sorte de

conseguir vaga na AACD onde sou muito bem tratado e informado, onde

ensinam a não aceitar ser visto como coitado ou inválido, e sim a lutar

pelos seus direitos, liberdade e sonhos.

Confesso que já tentei algumas vezes desanimar ou desistir de tudo,

mas não sei como explicar, é algo mais forte que eu. Sempre que fico

chateado durmo e passa ou algo bom me acontece e logo em seguida

recarrego minhas forças novamente. Na verdade posso dizer com certeza

e sem errar: NÃO SEI SER TRISTE E DEUS SEMPRE ESTÁ

COMIGO!

  1. COMO TERIA SIDO MINHA VIDA SE NÃO TIVESSE

SOFRIDO O ACIDENTE?

São raras as vezes que paro para pensar ou imaginar o que teria feito

ou como estaria hoje se o acidente não tivesse ocorrido. Mas acho que

teria continuado acorrer atrás dos meus sonhos, que era fazer faculdade,

ter meu próprio canto talvez casado ou não, chegar aos 30 anos e estar

ajudando meus pais a curtirem a vida, talvez poderia nem estar vivo, né?

Vai saber… difícil e complicado imaginar ou ter certeza de como teria

vivido.

O fato é que nunca perdi a vontade de viver ou a esperança, e Deus,

por algum motivo, quis assim. Ainda não descobri o porquê de tudo isso

ter acontecido em minha vida, mas já sei que aprendi muito e pretendo

aprender muito mais. Vivi e fiz coisas que não teria feito ou visto senão

tivesse ficado tetraplégico, por exemplo: descobrir o quanto era querido

e também como as amizades às vezes nos engana.

Leandro Camargo Oliveira – Pingo

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Gostaria de deixar aqui escrito o quanto sou grato a Deus por estar

vivo e ter tido a oportunidade de uma segunda chance, mais complicada,

lógico, mas através da tetraplegia descobri e conheci muitas coisas da

vida boas e ruins também, que serviram e servirão de lição para resto da

minha vida.

Pai, mãe ou mãe, pai nunca vou conseguir retribuir nem 10% do

que fizeram e fazem por mim. Saibam que me orgulho muito em tê-los

como pais, nunca conheci pessoas tão honestas como vocês, sempre

foram guerreiros e tudo que temos hoje é fruto de muita luta, obrigado

por tudo: AMO MUITO VOCÊS!!

Agradeço minha família, amigos, colegas e as pessoas que me ajudaram

de diversas maneiras. Podem ter a certeza de que nunca vou

esquecer, obrigado!

Evitei colocar nomes nesse livro por receio e medo de esquecer

alguém. Tenho consciência que foram muitas pessoas que me ajudaram e

fizeram parte da minha vida, da minha história até aqui.

“DESCONHECEMOS NOSSAS FORÇAS, ATÉ SERMOS

COLOCADO A PROVA. DEUS NÃO DÁ UMA CRUZ MAIS

PESADA OU MAIS LEVE É SEMPRE NA MEDIDA CERTA.

NUNCA TENTE DEIXAR SUA CRUZ MAIS LEVE, PORQUE UM

DIA ESSE PESO LHE FARÁ FALTA!”

No texto a seguir, na primeira parte, tentei passar um pouco de

como eu era e vivia antes do acidente, com certeza muitos que lerem vão

achar falta de muitas histórias que vivi ou algo que fiz e não está no livro,

algumas fases da minha vida não me recordo, não sei ao certo se foi por

causa batida na cabeça e os traumas de crânio que tive ou é algo normal

mesmo… mas foco mais na segunda parte que fala do acidente e no novo

recomeço.

Espero que gostem e não vejam só a parte triste, mas entendam que

tudo é possível quando se ama viver!

Uma nova vida, um novo recomeço sobre rodas

Leandro Camargo Oliveira – Pingo