Celso Lungaretti: 'Eremias Delizoicov temia a eventualidade de ser lembrado como mais um que fraquejara na hora da verdade. Mas foi muito além do que dele se poderia exigir, morrendo como um bravo!'
QUE SEJAM ESTES A SERVIREM DE EXEMPLO PARA AS NOVAS GERAÇÕES
E
Então, quando o Eremias, já militante da VPR, foi cercado pela repressão num sobrado de subúrbio do RJ, não hesitou: mandou bala. Tinha munição e gastou-a quase toda. Aí lançaram uma bomba de gás lacrimogênio e, aproveitando seu atordoamento, invadiram. Um cabo monstruoso, que era judoca e pesava 140 quilos, deu-lhe uma gravata.
Estava com 18 anos. Tinha verdadeiro horror da eventualidade de ser lembrado como mais um que fraquejara na hora da verdade, tal qual os burocratas de 1964 (era assim que os chamávamos). Acabou, pelo contrário, indo muito além do que se poderia dele exigir. Foi um bravo.
Também nunca esquecerei o que o comandante Carlos Lamarca disse a vários de nós certa vez: que, se fôssemos surpreendidos pela repressão ao ar livre, jamais deveríamos misturar-nos com a multidão, usando-a como escudo.
Minha avaliação sempre foi a de que o Lamarca, sabendo muito bem que nossas últimas chances haviam se esvaído em 1970, só continuou na luta porque não suportava a ideia de por-se a salvo no exterior enquanto tantos de seus seguidores haviam encontrado a morte ou o inferno dos porões.
aquiassistir ao vídeo de Cantiga Brava, interpretada por Geraldo Vandré
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/FMfcgxwBVMlsBWrdsrMQQHZhWPCqMwQV?projector=1