O Leitor Participa: Bryan Chagas, de Itajaí (SC), com as poesias 'Joia' e 'Rio'
Perfeita ou ridícula,/ Distinta ou descartável./ Não me feche numa sala pouco arejada./ Deixe-me espelhar o movimento, Espelhar-me no movimento.” (Joia)
Joia
Perfeita ou ridícula,
Distinta ou descartável.
Não me feche numa sala pouco arejada.
Deixe-me espelhar o movimento,
Espelhar-me no movimento.
Permita à natureza lapidar-me,
Antes de ti.
Muito antes de ti, e dos que se antecipam a ti.
Será bom que as cortinas estejam abertas;
Você verá que em meu corpo se delinearão as cores do arco-íris.
Não será apenas beleza o que descobrirás em mim.
Serão liberdades,
Liberdades outras,
Não importa o quão útil eu serei às tuas expectativas,
Eu serei o meu diamante.
Edição do poema “Joia” de Bryan Chagas por Tereza Du’Zai.
…
Rio
Ei, você, estranho miserável!
Você que me julga por preconceito.
Que tipo de normal és?
Saiba: suas palavras são miseráveis.
E eu, este louco, rio,
Rio, rio, rio…
Deságuo em gargalhadas na tua insensatez mesquinha.
Honrado imbecil!
Sim, eu te estranho com essa roupa sem rasgos e sem manchas.
Sim, eu te estranho com tua pouca propriedade, com tua pouca dignidade.
Eu te estranho, pobre desgraçado!
Estranho essa falta de personalidade, essa falta de amor próprio;
Estranho essas caras, esses olhares, esses trejeitos copiados.
E por tudo isso eu rio quando te vejo,
Rio em silêncio,
Rio quando falo, canto, danço, ando, corro, jogo, pulo…
Rio também quando te vejo caminhando a minha frente.
Ridículo! Eu penso.
Me desculpe, mas eu rio.
Da tua permanência,
De tudo o que te pertence.
Rio.
…
Edição do poema “Rio” de Bryan Chagas por Tereza Du’Zai.