Fábio Ávila: Belo Horizonte no Entardecer'
Belo Horizonte no Entardecer
Chegando a noite no centro outrora digno, atualmente esquecido pelas autoridades e mandatários mau gestores do Município, e maltratado pela inculta e nada civilizada população da Capital Mineira, saio perambulando pelas ruas da outrora bela e atual desfigurada Belo Horizonte.
Com o dorso ereto e carregando com cuidado a pesada mochila repleta de livros, mantenho o olhar atento ao registro visual pelo aguçado espírito crítico do viajante solitário e contumaz, mascate da cultura e editor por contingências da Vida.
Embriagado pelas luzes cintilantes e difusas, multicoloridas, das vitrines e lojas com produtos populares e a preços acessíveis, disponíveis para todos os bolsos e gostos variados, adentro a vetusta Galeria do Ouvidor, espaço comercial com semblante de “anos sessenta”, onde tenho a sensação de mergulhar na linha do tempo e voltar a ter a tranquilidade e sentimento de eternidade na expectativa de uma perene e constante juventude e suas doces ilusões.
As múltiplas lojinhas enfileiradas naquele ambiente pós art déco oferecem de tudo: material para confecção de artesanato, roupas e adereços para festas, vestidos de noiva e trajes para os participantes do evento nupcial, sapatos com saltos altíssimos e finos à la Doris Day, óculos com designs para os públicos feminino e masculino, roupas íntimas e adereços para a erotização das relações sexuais, roupas para bebês, perucas insólitas, enfeites para bolos, colares multicoloridos, tecidos com estampas e cores vistosas, livros infantis, pulseiras e uma infinidade de produtos que tecem a magia daquela insólita Galeria do Ouvidor, que reuniu influentes empresários da Capital Mineira onde foi instalada a primeira escada rolante que era um programa de diversão aos habitantes e visitantes do dinâmico centro comercial que outrora era de grande brilho e que encontra-se moribundo pelo desrespeito da mentalidade brasileira para com o seu passado e a sua história.