Celso Lungaretti: 'Nossa má fama se alestra pelo mundo: em cada evento cultural é repudiado o retrocesso civilizatório em curso no Brasil'
O FESTIVAL DE CINEMA DE LOCARNO, NA SUÍÇA, TAMBÉM FOI PALCO DE PROTESTO CONTRA AS BOLSONARICES INCULTURAIS
O nosso Rui, imprescindível… |
Eis, ao lado, nosso bravo guerreiro Rui Martins protestando contra asbolsonarices inculturais no Locarno International Film Festival, que está sendo realizado na Suíça, onde ele mora desde que deixou o Brasil na iminência de ser preso pela repressão política durante os anos Médici.
O Rui foi um dos convidados à exibição para a crítica do único longa-metragem brasileiro participante do festival helvético, o metafórico A febre, de Maya Da-Rin, sobre um brasileiro de origem indígena que começa a ter alucinações com um animal monstruoso.
Antes da sessão começar, brasileiros realizaram este protesto contra as iniciativas do Desgoverno Bolsonaro no sentido de direcionar os incentivos da Agência Nacional de Cinema apenas para produções afinadas com os bizarros valores ultradireitistas da horda no poder ou que não tenham (reais ou supostos) vieses ideológicos.
O termocensura, no caso, é uma simplificação para os leigos e gringos entenderem mais facilmente a questão. A censura da ditadura militar vedava drasticamente a exibição de, ou exigia que se fizessem cortes em, todos e quaisquer filmes, nacionais e estrangeiros, que desagradassem aos usurpadores do poder, tendo ou não recebido estímulos do Estado brasileiro.
A real semelhança das intervenções na Ancine é com a leva de filmes financiados pelo regime depois que Independência ou morte(1972) correspondeu bem ao seu objetivo de insuflar patriotismo ufanista como ingrediente da comemoração dos 150 anos da declaração da independência.
…como o filósofo francês Jean-Paul Sartre… |
Reproduzindo diretrizes de institutos e agências de propaganda política de governos autoritários, foram custeados com a grana dos pagadores de impostos vários filmes apologéticos e medíocres que exaltavam os personagens daHistória Oficial.
Tudo leva a crer que seja para uma repetição daquela prática que estejam encaminhando a Ancine, ao mesmo tempo que dificultarão em muito a viabilização de produções não afinadas com o retrocesso civilizatório em curso.
Afora estarem também existindo pressões veladas sobre os circuitos para não exibirem obras que estão na contramão das devoções dos boçais ignaros, comoMarighella, de Wagner Moura. Mas, proibição pura e simples ou cortes impostos na marra não existem, nem parecem ser a intenção das otoridades.