Teatro Escola Mario Persico apresenta nesta sexta-feira (07), às 19h, a peça 'Os que chegam com a noite'
A peça é um trabalho de pesquisa que envolveu a Cia Clássica por mais de um ano e também revolucionou o estilo da companhia
OS QUE CHEGAM COM A NOITE – 2020
NOVO HORÁRIO ÀS 19h00
O espetáculo conta com novas histórias e cenas que acabaram ficando de fora na primeira montagem.
A peça é um trabalho de pesquisa que envolveu a Cia Clássica por mais de um ano e também revolucionou o estilo da companhia, além de ter recebido críticas extremamente positivas pela coragem e ousadia da Cia demonstradas tanto na escolha do tema, como na construção das cenas e trabalho dos atores.
Fruto de uma pesquisa de campo junto a travestis, dependentes químicos, garotos de programa, as histórias foram sendo criadas pelos atores e posteriormente elaboradas por Mario Pérsico, responsável também pela dramaturgia da peça.
O espetáculo é já no título uma referência ao cinema, ou mais diretamente ao filme inglês de 1972 – The Nightcomers, estrelado por Marlon Brando. Como o próprio título sugere a apresentação vai costurando cenas que procuram mostrar com sensibilidade o cotidiano de personagens marginais, seres noturnos, mas nem sempre soturnos, em seus momentos mais variados. Para tanto vimos documentários, trouxemos alguns Garotos de Programa que concordaram em falar sobre o dia a dia das ruas e também como se dá a relação cliente/garoto em ambiente fechado como as saunas.
Foi uma pesquisa bastante interessante e rica essa aproximação de um mundo que está ai, mas nem sempre lançamos sobre ele um olhar humano ou de mera compreensão. Findo esse processo de estudos resolvi com o elenco da CIA CLÁSSICA DE REPERTÓRIO iniciarmos o trabalho de criação e elaboração de novas histórias/cenas. O tema em si da prostituição (masculina ou não) nos interessa como metáfora de um sistema econômico onde tudo vira moeda, até mesmo o que teoricamente seria invendável, como o “amor”, o “prazer”, ou o “próprio corpo”. “Money makes the world goes around” máxima proferida por um dos personagens desse mercado humano. Desse processo de pesquisa saiu o espetáculo que dialoga com varias licenças poéticas. A começar pelos nomes dos garotos, todos com nomes de anjos (caídos ou não). O espaço onde o espetáculo acontece fica no alto, (céu ou inferno? Não importa, mas o caminho até ele é árduo e longo) e tudo se passa na semana entre o Natal e o Reveillon. Uma semana onde teoricamente nossos sentimentos mais nobres e solidários estão mais a flor da pele.
Uma preciosidade da montagem é Jeanne Moreau cantando “each man kills the thing he loves”, canção com base em poema de Oscar Wilde que ajuda a redimensionar a ideologia de nossos nigthcomers. Outra referência que pontilha tudo são os filmes de “Wester spaguetti”, aqueles que fizeram a glória de Sergio Leone, Ennio Morricone e tantos outros.Surpreendentemente, essa visão européia do Velho Oeste revelou-se bem mais crua e verdadeira que a dos filmes americanos, as tramas se desenvolviam de maneira mais direta, com um clima sombrio e tendo a vingança como temática principal. O “mocinho” era quase sempre sujo, mal vestido, com motivações misteriosas e poucos escrúpulos, enfrentando vilões protegidos por um exército de bandoleiros, em cidades imundas e hostis. Ao contrário dos filmes americanos onde os heróis, limpos e barbeados, eram sempre exemplos de virtude. O grande precursor da música Western italiana foi Ennio Morricone, que traçou um estilo próprio para compor a música de um “Spaghetti”, com a utilização de assovios melódicos, corais estranhos, flauta e guitarra.
Nossos personagens noturnos também se assemelham aos heróis hostis que contavam a saga da colonização americana. Deles se pode esperar tudo. Mas o trabalho, acredito eu, trás um olhar humano, até carinhoso que se pode ver na construção e defesa desses personagens pelo elenco da Cia Clássica, que apesar de jovens se apropriam com muita segurança e maturidade na execução de suas cenas. Todos ali já trabalharam ou foram meus alunos, então já conhecem meu modo de trabalho e o que eu espero de cada um. Os personagens são desenhados sem moralismos. Eles não são bons ou maus, eles são o que são. E estão na próxima esquina. Na praça central, na mesa ao lado do boteco. Frutos de um sistema selvagem onde sobreviver é a regra. Podemos olhar pra eles… ou não. Licenças a parte, nossa única meta foi não idealizar, mas também não atenuar nada.
ELENCO:
Amanda Faicar
Amilton Sanches
Anderson Junior
Danilo Panayotou
Bruno Casagrande
Giovanna Tegani
Irene de Meira
Marcos Sanson
Mario Pérsico
Rafael Milbio
Rai Queiroz
Tiske Reis
Valéria Nastri
DRAMATURGIA, E DIREÇÃO
Mario Pérsico
Serviço:
TEATRO ESCOLA MARIO PERSICO
DIA 07 – Sexta-feira
19h00
Censura: 16 anos
R$ 30,00 E R$ 15,00
Pagam meia entrada: Estudantes, Terceira idade, Ingressos reservados.