Celso Lungaretti: "APÓS O VÍDEO DA BAIXARIA MINISTERIAL, A NOVA ATRAÇÃO SERÁ O AGUARDADO 'A QUEDA DO IMPÉRIO MILICIANO'"
JOGO JOGADO: O BOLSONARO DESPENCA
LADEIRA ABAIXO, MARCHANDO PARA O FIM
Àpost dando tudo como decidido e avaliando perspectivas futuras.
“E ela provavelmente deixará para trás três principais legados:
— Michel Temer.
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As duas primeiras heranças malditas são incontroversas. Só não vê quem não quer.
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“.
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Não sou astrólogo, cartomante, quiromante ou necromante. Morreria de vergonha se alguém me comparasse com o Olavo de Carvalho e demais picaretas que se fingem ou já fingiram de adivinhos. Todas as previsões que eu faço se baseiam em meras deduções.
P. ex., por uma infinidade de notícias e declarações daquela semana, eu percebia que haveria votos suficientes para o início do impeachment.
E eram favas contadas que, transposta a berreira mais difícil, os políticos profissionais (cuja cabeça eu sabia muito bem como funcionava por haver trabalhado durante três anos e meio na Imprensa do governo paulista) tratariam de cair nas boas graças do presidente vindouro, de forma que os 50% mais um voto exigidos nas etapas posteriores jamais deixariam de ser atingidos.
Então, aquele jus sperniandi subsequente (que acabaria durando quatro meses e meio) se prenunciava um desastroso desperdício de um tempo que seria bem melhor utilizado se a esquerda iniciasse o contra-ataque ao invés de ficar sangrando em público e permitindo que o lado contrário continuasse acumulando forças.
Com isto perdemos de vez as ruas, pavimentando o caminho para a escalada do baixo clero ao poder.
As mesmas deduções me levam a afirmar agora: Bolsonaro se tornou nesta 3º feira (12) um ex-presidente se arrastando como zumbi pelo Palácio do Planalto. A contagem regressiva para seu afastamento já começou e avança com surpreendente rapidez. Ele não tem mais salvação possível.
O tiro de misericórdia foi dado pela Globo, que novamente se mostrou exímia manipuladora da opinião pública.
Assim, o Jornal Nacional, além de pegar o Bolsonaro na mentira várias vezes, martelou longamente seu melhor trunfo: a comprovação de que o presidente move céus e terras, tendo derrubado um dos principais ministros e importantes autoridades policiais, apenas para livrar a cara dos filhos.
Por receio das investigações em curso na Polícia Federal, que se encaminhavam inevitavelmente para a abertura de processos criminais contra eles, Bolsonaro foi se complicando cada vez mais.
O golpe de mestre parte de uma percepção que a Globo (e poucos mais) tem, de que o cidadão comum pode identificar-se intensamente com o sucesso político de outro homem comum, tão pouco especial quanto ele próprio, mas a relação de amor se converte em ódio se for habilmente insuflada sua inveja.
[O mesmo ela fez com o Lula. Lembram-se da interminável exibição de imagens do triplex e do sítio? O povão, que tanto se orgulhava do filho do Brasil, de repente passou a nutrir enorme inveja do corrupto que estaria desfrutando de tais luxos, a ele inacessíveis.]/
mais igual.
Foi um golpe mortal num governo que já:
— agora passa a ser percebido como disposto a tudo para defender os interesses particulares da família real.
Pior para Bolsonaro, impossível! E ele a cada dia acrescenta mais motivos para rejeição, como exibir-se em academias de tiros ou passeando em jet ski, bem como planejar churrascos espalhadores de vírus e de maus exemplos, enquanto brasileiros morrem como moscas numa emergência sanitária para a qual ele demonstra ostensivamente não estar dando a mínima.
O resumo da ópera é que Bolsonaro tomou definitivamente o rumo do fundo do poço.
(por Celso Lungaretti)