No Quadro de Colunistas e correspondentes do ROL, a Arte Educacional e Literária de Silmara Lopes!

Silmara Lopes

Com mais de três décadas dedicadas ao ensino, Silmara Lopes é sinônimo de Educação!

A Família ROLiana está sempre crescendo! Em quantidade e, sobretudo, qualidade!

Silmara Lopes vai enriquecer o conteúdo das publicações do Jornal Cultural ROL, abordando temas ligados à Educação e à Filosofia, áreas das quais seu conhecimento e atuação já ultrapassaram as fronteiras nacionais.

Silmara A. Lopes é Doutoranda em Educação pela UFSCar- Campus– Sorocaba, Mestre em Educação Pela Uniso e Licenciada em Filosofia e Pedagogia.

Profissional da área da educação, com experiência de 31 anos na Rede Pública Estadual de Ensino do Estado de São Paulo e atuando há mais de 16 anos no cargo de Supervisor de Ensino.

Professora no âmbito particular de ensino em Cursos de Pós-Gradução Lato Sensu e Professora com 10 anos de experiência em Cursinhos Preparatórios para Concursos Públicos na área da Educação.

Trabalha como Professora na Claro Educacional.

É membro do grupo de pesquisa GPTeFE – Grupo de Pesquisa Teorias e Fundamentos da Educação, da Universidade Federal de São Carlos-UFSCar- Campus-Sorocaba.

Publicações: 13 artigos científicos, 2 livros, mais 2 livros em fase de publicação e 6 capítulos de livros.

Tem experiência nas áreas de Educação Especial, Educação Inclusiva e Formação de Professores.

Áreas de interesse de pesquisa: Pedagogia Histórico-Crítica; Educação e Trabalho; O Ensino de Filosofia no Ensino Médio; Adaptações (Adequações) Curriculares Individualizadas para alunos com necessidades educacionais especiais/específicas; Avaliação na Educação Básica, entre outros.

E-mail: silmalopes2008@hotmail.com

É esta Educadora de primeiríssima grandeza que o ROL tem o prazer de receber em seu Quadro de Colunistas e Correspondentes, para o deleite dos leitores!

Abaixo, o primeiro texto de Silmara Lopes:

 

Coronavírus, aulas remotas, aulas EAD e os riscos da educação no futuro

Um vírus invade o mundo: o Coronavírus! Com essa invasão, várias mudanças vêm sendo produzidas. Devido à pandemia sistemas de ensino de vários países, inclusive no Brasil, tiveram que aderir às aulas remotas ou aulas EAD, ou seja, aos processos de ensino e de aprendizagem sem a interação face a face. Cabe salientar que as aulas remotas ou EAD têm formatações diferentes. Enquanto nas aulas EAD o ensino acontece de forma anacrônica, ou seja, em tempo não real e, geralmente, um único tutor pode ficar responsável por turmas diferentes e mesmo por diferentes componentes curriculares, nas aulas remotas o ensino acontece de forma sincrônica, ou seja, em tempo real e os alunos têm a “possibilidade” de tirar dúvidas com o seu próprio professor, simulando uma aula presencial, porém, sem o contato físico.

O Coronavírus desencadeou (e vem desencadeando) situações completamente inesperadas para muitos brasileiros. No âmbito educacional, desencadeou um processo de repentinas transformações, uma vez que essas duas formatações de aulas se tornaram realidade até mesmo para crianças da creche. Porém, se as aulas remotas e/ ou EAD foram inesperadas para muitos professores, alunos e famílias, não foram para “os empresários da educação”, que aguardavam uma oportunidade para expandir esses dois tipos de aulas, posto que as aulas EAD já ocupam espaço considerável no Ensino Superior. Grande parte dos professores da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) tiveram que aprender, a toque de caixa, a construir aulas remotas e/ ou EAD.

Penso que, diante do Coronavírus e de seus efeitos devastadores no Brasil, as aulas remotas e/ou EAD foram e estão sendo necessárias devido ao longo período de isolamento social e dos riscos que os contatos físicos podem trazer. Apesar de necessárias, no entanto, não deixam de (re) produzir desigualdades, visto que nem todos os alunos conseguem ter acesso. A preservação das vidas é o mais importante nesses tempos difíceis de pandemia que assolou o mundo neste ano de 2020! Porém, após o Coronavírus, devemos ser resistentes e lutar para que as aulas remotas e/ou EAD não se tornem, no futuro, substitutas das aulas presenciais de diversos componentes curriculares, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. As tecnologias são importantes e isso é inegável, mas elas são apenas uma das ferramentas para ensinar e aprender e não podem substituir o professor que deveria ocupar o papel de mediador privilegiado quando se busca uma educação de qualidade.

As aulas remotas e /ou EAD apresentam limites e problemas que não podem ser desconsiderados, tais como: o acompanhamento do desenvolvimento de cada aluno pode ficar muito comprometido; a avaliação no sentido de avaliar para ensinar melhor fica prejudicada; as famílias nem sempre apresentam condições de “ajudar” com as demandas trazidas por esses dois tipos de aulas e, sem ajuda, muitos alunos ficam largados à própria sorte; a quantidade de tarefas pode aumentar nesses dois tipos de aulas levando os alunos e as famílias ao estresse; entre outros. As consequências sobre os alunos vão variar de acordo com as faixas etárias, as características individuais e as circunstâncias (alunos com deficiência, transtornos, síndromes, com maior capacidade de concentração ou não, com boas condições para estudos em casa ou não, etc.).

Precisamos fazer alguns questionamentos em relação às aulas remotas e / ou EAD. Elas são boas para quem? Para os professores que poderão perder o seu trabalho? Para os alunos que aprenderão menos do que no ensino presencial? Servem para atender aos interesses de quem?  Servem aos “empresários da educação”, que vêm se articulando para a implantação desses dois tipos de aulas em todos os níveis de ensino?

Na história da humanidade não faltam exemplos de situações negativas, destrutivas, cruéis, avassaladoras que foram simplesmente sendo aceitas como naturais pelos seres humanos (no sentido de que era para ser assim e não havia mais nada para se fazer) e que contribuíram para prejudicar, principalmente, os sujeitos das classes sociais com precárias condições econômicas. Acredito que no futuro as aulas remotas e/ ou EAD podem contribuir como complementares ou suplementares, mas não para substituírem as aulas presenciais.  Nessa direção, cabe aos educadores organizar processos de resistências e de lutas para que, após a pandemia, não aconteça o desmonte da educação, visto que desde o início da mesma a educação brasileira corre sérios riscos de baixar ainda mais a sua qualidade, especialmente para as camadas populares. No entanto, sozinhos os educadores não conseguirão combater esses dois tipos de aulas. Logo, é necessário que as famílias, os alunos e a sociedade, de modo geral, avolumem as mobilizações para agirem contra as aulas remotas e/ou EAD como substitutivas das aulas presenciais, contribuindo, desse modo, para que a história não registre, também, o desmonte da Educação Básica.

Conforme já nos ensinou Marx, as circunstâncias são modificadas pelos homens. Isto significa que os homens constroem a sua própria história, no entanto, não a constroem livremente de acordo com a sua vontade, posto que realizam as suas ações diante de circunstâncias herdadas da geração passada e, também, das circunstâncias com que se deparam em seu tempo histórico, as quais vão sendo transformadas pelas ações dos próprios homens. Necessário se faz, portanto, engrossar a luta pela escola pública, laica, gratuita, presencial e de qualidade para todos!