Cláudia Lundgren: 'Poeta de sonhos'
Poeta de sonhos
Que utopia, a minha
Julgar-me poeta
Num mundo tão frio
Volúvel, vazio
Será que teria
Espaço para mim?
Poeta de sonhos
E de amor sem fim
Ainda acredito
Em contos de fadas
Príncipe encantado
Cavalos alados
Abro a minha porta
Alta madrugada
Que noite, que céu!
Caneta e papel
Olho pro lado
Gente nas ruas
Curto pavio
Palavras tão duras
E enquanto isso
Sentada num beco
Viajo para longe
Escrevo sonetos
Paixão ou saudade
Amor decadente
Falarei das flores
Ou dores pungentes?
Na selva de pedra
Vidraças, janelas
Lindas jardineiras
Componho um poema
Imagino um campo
Tapete de flores
Riacho no meio
Cenário de amores
Sonhando acordada
Uma voz posso ouvir
Tudo volta ao real
Onde está meu jardim?
Devaneios, delírios
Luzes na escuridão
Não há espaço para mim
Poeta num mundo cão
No meio daquele gueto
Me infiltro numa viela
Esgoto a céu aberto
Vejo uma rua tão bela
Carrego comigo armas
No meu bolso, munição
Um bloco e minha pena
A fim de compor meus poemas
Seria uma utopia
Poder enxergar poesia
Mesmo num mundo ruim?
Teria espaço para mim?
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com