Quem fala de racismo pode ser racista? Neuropsicólogo revela conceito polêmico com base na psicologia da lei do espelho

Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu revela com base nos seus estudos e pesquisas que falar de preconceito pode trazer mais preconceito e pode ser um ato preconceituoso

O assunto preconceito é sempre muito polêmico. A maioria quer acabar com o preconceito, até porque a ética e a moral numa sociedade define que ele não pode existir, assim como não faz sentido levando em consideração que o bom da vida são as diferenças. O neurofilósofo Fabiano de Abreu ao refletir sobre essa questão, escreveu o seu conceito baseado em pesquisas, estudos e leis da psicologia que, mesmo causando polêmica, decidiu divulgar.

“Eu já vi de tudo nesta vida, já estive em muitos países, tenho amizades de diversas etnias, o preconceito nunca esteve em pauta na minha vida já que não enxergo diferenças negativas ou positivas em relação à etnia. Entendo que as pessoas são diferentes por si só dentro de uma normalidade. Seja na personalidade ou nos padrões físicos. Dizer que todos são iguais é meio sem sentido, pois se os olhos vêem formas e cores diferentes, então são diferentes no quesito físico. No mental todos somos diferentes pois temos personalidades diversas e isso é a graça da vida. Se fossemos iguais faríamos todos as mesmas coisas e a vida não seguiria o seu ciclo. Imagina se todos pensassem de igual forma e fossem advogados, quem iria contratá-los?”

Abreu é filósofo, neurocientista, neuropsicólogo, psicanalista, neuropsicanalista e jornalista, além de outras formações que possui na sua vasta coleção de diplomas e certificados,  vê nos estudos uma prática de compreensão do comportamento humano e uma forma de, como ele diz, liberar hormônios e neurotransmissores para um bem-estar através dos estudos. O neurofilósofo revela com base na psicologia e na psicanálise o seu conceito sobre o racismo.

“Jamais se pode generalizar, isso não é uma afirmação definida para todo caso, mas está relacionado a um fato que é cabível de raciocínio e teorização. Já vi relatos de preconceito de branco com negro, negro com branco, negro com negro, branco com branco, assim como asiáticos e outras etnias. Baseado nisso fiz uma observação para chegar a essa elucidação sobre racismo e racistas. Um viés desta elucubração, ou seja, pessoas que não demonstram ter preconceito, não falam sobre o tema. Cognitivamente não demonstram ter preconceito e este tema não faz parte do vocabulário já que, quando não se vê diferença, não chama a atenção para comentários prós ou contra. Simplesmente todos são iguais e ao mesmo tempo é normal ser diferente.”

Profundo na sua linha de raciocínio, Abreu fala do cuidado com o fanatismo; “Há quem defenda causas por ter sofrido injustiça ou por seguir uma onda que o introduz culturalmente neste objetivo. Mas alguns dos que seguem uma ideologia, tornam-se fanáticos por ela e acaba por introduzir o preconceito na própria cultura , de forma fundamentalista sem permitir evolução.”

Com base numa lei da psicologia, Abreu revela o seu conceito; ”na psicologia, a lei do espelho estabelece que o nosso inconsciente nos faz pensar que o defeito ou desagrado que percebemos nos outros existe somente “lá fora”, não em nós mesmos. A projeção psicológica é um mecanismo de defesa por meio do qual atribuímos a outras pessoas os nossos sentimentos, pensamentos, crenças ou até mesmo ações próprias que são inaceitáveis para nós. Portanto negamos em nós e projetamos no outro, aspectos próprios, que nos causam feridas narcísicas. Essa projeção psicológica acontece pois a nossa mente entende a ameaça física e emocional à integridade mediante a nossa personalidade social, e emite assim um sinal de rejeição para o meio externo projetando no outro essas características que não a nós mesmos. Retirando a ameaça de nós mesmos, e evitando a dor da mudança que esse reconhecimento de algo negativo nos exigiria.”

Abreu finaliza dizendo que enfatizar o preconceito, trazer o assunto à tona, pode trazer mais preconceito; “o preconceito é algo do passado, na realidade no passado distante havia menos preconceito. Pois havia menos estereótipos. Mas enfatizar o tema preconceito, é uma forma de ligar o alerta nas mentes perversas chamando a atenção sobre ele, que passam a enxergar diferenças onde estas não existem. Quando falamos em preconceito, trazemos luz sobre visões adoecidas, enrijecidas e inflexíveis. O ser humano é de uma riqueza plural, não há forma nem fórmulas para nos caber e nos conter. Por isso o estereótipo pode ser a matriz de muitos preconceitos. Na psicologia e na psicanálise nada e tudo não existem. É imperativo relativizar, a pessoa e o seu contexto. Mas a negação e a projeção são os mecanismos de defesa mais usados socialmente. Para evitar as próprias mazelas existenciais, ficamos no discurso politicamente correto e não na ação correta! Utilizar esse discurso para criticar, julgar e condenar o outro, não nos eleva a melhor lugar de nós mesmos. A palavra tem força política e movimenta a sociedade. Mas a ação real a partir de modificações positivas, trazem melhorias para os dois lados da força dessas relações. Para quem sofre e para quem impele a dor ao outro. Que tomemos para nós as melhores escolhas de ações que possam produzir uma sociedade igualitária. Se todo singular se importar com o plural, se cada um na sua vida privada agir na vida coletiva, o mundo será efetivamente um melhor lugar para se morar.”