Artigo de Celso Lungaretti: 'Não passa de mais um pacote torto e natimorto'
Estes nos faziam rir… |
A Folha de S. Paulo intimou, Dilma obedeceu.
“Medidas extremas precisam ser tomadas… É imprescindível conter o aumento da dívida pública e a degradação econômica” –esbravejou Otávio Frias Filho, o boneco de ventríloquo por meio do qual os banqueiros trombetearam seu ultimato.
Dilma repassou a Diktat para os atônitos Nelson Barbosa e Joaquim Levy, o Gordo e o Magro da chanchada nacional.
Com o cansaço estampado nos rostos e barbas por fazer, ambos vieram apresentar o novo saco de maldades (que dificilmente o Congresso aprovará, começando pela volta da impopularíssima CPMF, uma lâmina de guilhotina pairando sobre a reeleição do parlamentar que cair na besteira de fazer a vontade da Dilma… quer dizer, do Trabuco do Bradesco).
Só com ela o governo pretende garfar R$ 32 bilhões da sociedade para acertar a contabilidade dos bancos, enquanto a recessão se agrava, as máquinas param, as lojas fecham e os empregos evaporam.
…os anjos da cara suja fazem chorar. |
Lênin já cantara a bola em 1900 (Imperialismo, etapa superior do capitalismo): quem dá as cartas na dita fase é o setor parasitário e inútil da economia, o da agiotagem institucionalizada. A indústria e a agricultura (que produzem bens) e o comércio (que distribui os bens) se tornaram sócios menores, sem poder de fogo para confrontarem os Trabucos. Só lhes resta exercerem o jus sperniandi, conforme lemos na coluna do Vinícius Torre Freire:
“Pelo menos parte da indústria vai fazer campanha feroz contra (Fiesp). A CNI preferiu não dizer nada além de que é ‘contra aumentos da carga tributária’ e quer ‘reformas estruturais’. A Firjan foi dura. As associações do comércio de São Paulo criticaram em tom de enorme desalento“.
Eis mais maldades do saco:
- confisco até agosto de 2016 dos reajustes de salário dos servidores federais, lesando-os em R$ 7 bilhões (sempre desprezei menos aqueles que assaltam com armas na mão, correndo muitos riscos, do que aqueles que assaltam com a caneta na mão, não correndo risco nenhum);
- expropriação (é um termo mais correto do que o utilizado,
- a criação (se saísse do papel) de um imposto sobre “ganho de capital progressivo”, que seria cobrado quando dos aumentos de receita das pessoas físicas. Mas, com impacto estimado em apenas R$ 1,8 bilhão e um certo viés de desestimular empreendedores. Há muitíssimo mais grana para ser colhida e motivos muitíssimos melhores para colhê-la no nicho das heranças e grandes fortunas, como fazem as principais nações capitalistas e como o Brasil deveria estar fazendo desde 1988 (
Resumo da opereta: nem sei por que perco tempo analisando o que não acontecerá. Governo fraco, com a popularidade no fundo do poço, jamais consegue arrochar a sociedade. Os bancos podem muito, mas não podem tudo. E o fracasso anunciado desse pacote torto e natimorto debilitará ainda mais a posição da Dilma.
- a criação (se saísse do papel) de um imposto sobre “ganho de capital progressivo”, que seria cobrado quando dos aumentos de receita das pessoas físicas. Mas, com impacto estimado em apenas R$ 1,8 bilhão e um certo viés de desestimular empreendedores. Há muitíssimo mais grana para ser colhida e motivos muitíssimos melhores para colhê-la no nicho das heranças e grandes fortunas, como fazem as principais nações capitalistas e como o Brasil deveria estar fazendo desde 1988 (
Quem mandou ela escutar o estrondo do Trabuco? Deste jeito, perderá a audição junto com o cargo…
Padrinho por padrinho, teria sido melhor a Dilma continuar pedindo a benção ao Lula, afinal foi ele quem a colocou lá.