Antônio Fernandes do Rêgo: 'Ser pai'
Ser pai
Migram os pássaros no intenso inverno,
Tecem seus ninhos no ventre do monte,
Das alturas vislumbram o horizonte,
Pressentem a tempestade e sempre ternos
Acolhem e agasalham os seus filhos
Nos trançados de gazes e junquilhos.
Este é o instinto que a natureza os dá,
E quando o vento da invernada passa,
Vem a primavera com toda a graça
Ao sol rescende o olor das flores no ar,
Levam os filhos, vão-se a voejarem
E os ajuda se ao barranco tombarem.
Como parece os chamados animais
Com a sina dos humanos genitores,
Abrem-se os olhos da vida nos albores
E depois há que atravessar o cais.
Porque este é o ofício de ser pai
É em nome do filho o ser forte
Que pisando espinhos procura o norte,
Diz ao filho: “Cresce! Atravessa e vai!”
Mesmo que venha a angústia e aflição,
E queira ainda lhe dizer que não.
É suportar a dor, conturbação,
Até mesmo quando a alma se corrói,
É saber mesmo que fraco ser herói,
Ser forte mas dizer com afeição:
“Filho, há que ir, mesmo caindo, adiante!
Pois, ninguém o impede que se levante!”
Antônio Fernandes do Rêgo
aferego@yahoo.com.b