Jairo Valio: 'Crack'
Crack
Mudo até personalidades,
Mesmo sendo escória,
Subproduto da cocaína,
Mas tenho meus atrativos,
Talvez pelas curiosidades.
Quem me procura?
Os jovens de corpos sarados,
Atraentes pelas suas belezas,
Formosuras da juventude,
Que teriam destinos bonitos,
E, no entanto, caem no vício.
Sou pedra pequena com arestas.
Não tenho o perfil das joias bonitas,
Trabalhadas pelos artesãos,
Que brutas atraentes se tornam,
Mas quem me traga entra em delírios,
Pois causo muitas alucinações.
Ganho espaços quando me cheiram,
E aos poucos domino as mentes
De quem procura muitas euforias,
Pois causo dependência química,
E quem me busca não se liberta,
Mesmo vendo suas transformações.
Esquálidas figuras quase que zumbis,
Passos vacilantes em busca do nada,
Tirando-lhes todas as dignidades,
Construídas em famílias bem constituídas,
Mas que agora tristes vêem os despojos,
Da figura bonita que lhes davam orgulhos.
Choram e até tentam lhe libertar,
Mas sucumbem diante das realidades,
Pois o jovem bonito cheio de perspectivas,
Agora é um trapo que nem o espelho espreita,
Tão dantesca é sua figura em pele e osso,
Que para cheirar o crack pode até matar.
Jairo Valio
08/11/2011
valio.jairo@gmail.com