Cláudia Lundgren: 'No outono do meu ser'
No outono do meu ser
Como folha seca voando ao vento,
feito um galho pelado a tremer,
tal qual as noites frias de abril,
assim sou eu, no outono do meu ser
Isolada; os pensamentos, minha companhia.
No outono do meu ser, frios dias.
Entre cafés e livros, a solidão afugento.
Inseparáveis, unha e carne, eu e a poesia.
O branco dos meus olhos, minha íris tão azul,
assemelha-se ao límpido céu, quase sem nuvens;
a textura da minha tez, sequidão,
lembra, em tudo, a meia estação.
No outono amarelado do meu ser,
minhas rígidas e frígidas palavras,
sentimento e calor ganham na pena
e nas linhas do papel são derramadas.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@gmail.com