Pietro Costa: 'Poetas Além do Tempo'
Poetas Além do Tempo
Um trabalho de induvidoso primor, sob a organização dinâmica e minuciosa de Charlan Fialho, em parceria com o selo da Editora Versejar.
Parabéns aos 92 autores e autoras de diversas regiões do país, pelos cordéis, sonetos e versos livres de desconcertante e profunda beleza, que reverberam as vozes do amor, da resiliência, da esperança e da coragem, que precisam ser libertadas do silêncio pusilânime, do cativeiro do medo, da culpa afligente, para que sua mensagem possa adentrar ao pórtico de nossos corações e lá permanecer, eternamente.
Felicito, igualmente, a valorosa equipe da Editora Versejar, bem como a todos que colaboraram para o sucesso desse esplêndido projeto.
Quero frisar, também, a grande honra que sinto, por ter prefaciado, a convite do nobre Organizador, o Volume I da obra em epígrafe, além de ter nele publicado os poemas “No Mundo da Lua”, “Par” e “Tim-Tim”; e no Volume 2, os poemas “Salto Quântico” e “Sim, por favor”.
O Volume II foi prefaciado por Charlan Fialho.
Estes são os linques para aquisição da obra, cuja leitura recomendo a todos que cultivam a grandeza da arte poética:
https://www.livrariaversejar.com.br/produto/poetas-alem-do-tempo-volume-1/
https://www.livrariaversejar.com.br/produto/poetas-alem-do-tempo-volume-2/
Por fim, deixo consignado o meu mais genuíno agradecimento, por meio das palavras constantes do prefácio do Volume I:
POETAS ALÉM DO TEMPO – PREFÁCIO
(…) O poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
As asas de gigante impedem-no de andar.
O Albatroz, de Charles Baudelaire
Da obra As Flores do Mal (1857)
A vida do poeta não pertence a uma temporalidade, tampouco se finda em uma lápide, mas é esculpida, sentida e transformada na carne e no coração de seus versos e obras, os seus restos imortais, a mover, inspirar e encantar sucessivas gerações.
Pode ocorrer de um poeta não ser plenamente compreendido em sua época, pela profundidade ou sutileza de sua mensagem, todavia, a sua poesia se destina à eternidade, porquanto pincelada nos matizes vários de telas operosas e delirantes para reanimar a vida em novos dégradés, e também modelada por mãos nuas e inquietantes, para desnudar a fina película da realidade, em suas belezas e contradições.
O poeta ultrapassa os confins do tempo porque faz de suas palavras, asas, como um albatroz destemido, que utiliza as correntes de inspiração em seu proveito, para o plainar altivo em direção a horizontes inesperados, longínquos. Nas ilhas mais desabitadas é que constrói o seu ninho.
Não são contidos pelas grades da linguagem, dos usos sociais e da fé cega na crença de dogmas infundados.
Gritam polifonicamente, em suas vozes várias, líricas, irônicas, melancólicas e saudosistas, a favor do amor e da liberdade.
Pedalam ao encontro do inusitado e do cotidiano, do sol oculto e do escândalo. Buscam divisar os limites entre o orgulho e a vaidade. Perscrutam o encanto e o desencanto de cada instante. Sondam os legados e tragédias de cada povo ou tradição. Caminham entre a barbárie e a civilidade.
Fundem-se à natureza para defendê-la contra as ofensas da ganância insensata e da desumana torpeza.
Disparam libelos de igualdade para debelar todas as formas possíveis e inimagináveis de apartheid.
Reinventam dicionários e cavam sentidos.
Ouvem os ecos sepultados dos signos.
Enfrentam os meandros obscuros de caracteres e do processo criativo, onde moram os Minotauros, na procura dos versos perdidos.
Anseiam por uma experiência humana reencontrada com os silêncios, medos e sentimentos deserdados nos subsolos da alma, além das fronteiras do que está posto ou institucionalmente permitido.
Todos somos poetas em potencial, uma vez que equipados com a força emancipadora da criatividade e da imaginação brincante, que se diverte com a musicalidade das metáforas, metonímias e ambivalências da linguagem, a entoar a dança entre os corpos da palavra e os estados de espírito, emoções e ideias que revestem o nosso eu lírico.
É nesse ballet de forças humanas e sobrenaturais, que poetas revezam as realidades e os passos a mais, atraindo luzes ao palco da vida, para além dos simulacros sem vida vislumbrados pelas nossas tolas e passivas pupilas.
Nos versos livres e sua geografia imprevista, ou nas coordenadas precisas dos sonetos presentes nesse compêndio, podemos aeronavegar pelas nossas retinas, revivendo ou subvertendo situações e momentos. Afinal, a literatura, já dizia Rilke, é a revelação do ser humano para si mesmo. Ouso acrescentar que ela tem o condão de ressignificar a simplicidade e absurdidade da existência. De transcender a realidade imediata.
A poiesis nos resgata e nos excede, quando apalpa no corpo da palavra o sonho dantes confinado na pele. Quando faz acordar o devaneio outrora letárgico na alma.
Na gloriosa arte poética, as telas, cenas, obras e paisagens monótonas são restauradas pelas tintas vívidas de paixões, sabores, saberes, culturas e vivências, e tudo ganha densidade no contorno e no relevo, tudo é salvo da opacidade e do esquecimento.
É no versejar engenhoso e sensível de poetas além do tempo, como os dessa belíssima coletânea, que a musa desfila a sua autonomia e glória. No solitário instante vertical em que revira a areia da ampulheta, torna toda medição obsoleta e banal, desvencilhando-se da sedução (ou maldição) das horas.
Gratidão!!!
Pietro Costa
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