Sandra Albuquerque: 'Ansiedade e expectativas'

Sandra Albuquerque

Ansiedade e expectativas

As pessoas pensam que correm contra o tempo e que os anos estão passando mais rápidos e que agora no mesmo espaço de tempo não conseguem fazer o que faziam há alguns anos atrás. É a famosa corrida contra o relógio e isto gera expectativas, mas se esquecem de que, com o aumento do volume populacional, consequentemente tudo tornou-se mais complexo, pois este gera mudanças a todo instante em todos os outros âmbitos da sociedade.

Já não vivemos mais nas décadas dos pacatos bondes que desfilavam vagarosamente em horário inglês pela cidade e a gentileza dos cavaleiros com seus chapéus, sobretudo e bengalas, dando lugar às damas; hoje, o individualismo impera, pois é um salve-se quem puder numa enorme desafabilidade, pois o desrespeito aos idosos, às grávidas e aos diferentes casos de deficiência torna-se iminente.

As estatísticas mostram que a cada dia a superlotação aumenta e há a necessidade de ampliar os diversificados meios de locomoção e os engarrafamentos surgem.

Os espaços públicos suprimiram e até a natureza selvagem foi devastada e ocupada pelos chamados turistas. A bela orla tranquila foi invadida pelos exploradores dos seus bel-prazeres.

Um fator crítico e gritante é a autoproteção, devido aos índices de vandalismo que geram a depredação da sociedade e o medo é aflorado pelo óbvio. Daí, surgem os direitos listados em decretos judiciais e que na prática não são absorvidos e sim, tornam-se monturos em um arquivo morto.

O ser humano nasceu para ser livre, mas na realidade esta prática é abortada desde a concepção. E o que vemos hoje são os problemas sociais, tais como saúde, educação e segurança crescendo como claras em neve e a solução não chega e a máquina governamental apresenta-se, na maioria das vezes, indiferente, por encontrar-se alienada.

A raça humana vive sobre o foco da ansiedade e isto libera doenças como trampolins, pois a cada dia surgem novos vírus e bactérias que amedrontam a sociedade como vampiros e os pesquisadores buscam, desesperadamente, a cura.

Não adianta mascarar a ideia de que o planeta está sadio, porque é uma inverdade e o homem vive abraçado à pressão da ansiedade e, muitas vezes, o terror o assombra e gera a depressão.

O planeta merecia um tempo de repouso para absorver o oxigênio do bem e expurgar o gás carbônico da sociedade que a cada dia assassina aos poucos.

É preciso uma profunda reflexão para que a consciência humana se liberte

 

Autora:  Poetisa Sandra Albuquerque

Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2020

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