Pietro Costa: 'Travessias e Transformações'
Travessias e Transformações
A desventura existencial está na pressa da travessia.
Na ânsia de chegar em casa, após exaurientes compromissos diários, para usufruir de situações prazerosas, como um vinho ao lado da pessoa amada, um filme na companhia de amigos, a leitura de um livro, etc.
Na avidez de buscar os filhos na escola, para ter o consolo de que estão bem.
Na obsessão de persuadir alguém que estimamos a rever posições políticas, as quais vemos, no olhar turvo de nossa arrogância, como ilusões.
Na preocupação de galgar um determinado patamar financeiro para dar andamento a projetos de vida que deixamos na fila, na espera: casa na praia, Iate, filhos, viagens internacionais, “etcetera”.
Quem adota tais ideias preconcebidas de sucesso e felicidade persegue, ironicamente, o imobilismo. Qualquer percalço parece um intransponível abismo.
É a coragem de sentir que nos transforma, enleva, ilumina. Que nos leva ao progresso, que nos instiga.
A desventura existencial é a vida se esvaindo em suplício e lamentos.
É a morte se anunciando pela veneração de sombras alheias.
É a culpa.
A impaciência.
A aridez espiritual.
O sedentarismo intelectual.
O refúgio nas ideias fixas.
A intolerância a antagonismos.
O irrefreado voluntarismo nas relações intersubjetivas.
A moral fanática que deturpa a existência em perspectiva coletiva, que cinde a sociedade, tiraniza e agride.
O predomínio do medo, que faz as trevas nos precipitarem para atalhos que podem culminar em precipícios; que projeta paisagens de desolação e suplício.
Pare. Respire. Sinta. Perceba. Agradeça. Siga.
A vida é uma aventura de rara e indisfarçável beleza!!
Uma viagem cujo roteiro se consigna de forma espontânea e paulatina!!
É a soma de conhecimentos e experiências que vão sendo agregados à nossa bagagem!!
A vida se move na contemplação da beleza do Eterno, cuja Graça alcança a cada momento, gratuitamente; cuja luz se faz incandescente no coração terno, no semblante sincero.
A nossa luz, centelha divina, torna-se visível na travessia.
Torna-se vívida pela clareza solar da simplicidade e humildade, seja na noite, seja no dia.
Respire “fundo”, invariavelmente, antes de prosseguir.
Não olhe apenas para os lados, presumindo riscos e adversidades, acautelando-se de obviedades, limitando o seu porvir.
Perceba a beleza que plenifica o âmago do seu ser, e toda a luz propagada pelo caminho, sinalizando a caminhada, descortinando possibilidades, transformando a sua realidade.
A travessia, para ser compreendida, requer que seja sentida como uma aventura. Requer intuição, espiritualidade. Requer criatividade. Percepção. Candura.
Pietro Costa
Pietro_costa22@hotmail.com