Celso Lungaretti: 'Ou se reassume como alternativa ao capitalismo e redescobre sua combatividade perdida ou a esquerda ficará reduzida a coadjuvante de farsa'
Ou superamos o capitalismo ou continuaremos indefinidamente patinando sem sairmos do lugar
“? É a política brasileira como sempre foi nas últimas décadas……(o) último grande divisor de águas na política brasileira (foi) o processo de redemocratização do período entre 1985 e 1989…
(foi quando se iniciou) uma tentativa fracassada de estabelecer no Brasil um estado de bem-estar social aos moldes do sul da Europa, sem que cuidássemos de que nossa economia de baixa produtividade e competitividade conseguisse financiar gastos públicos que subiram sempre acima da inflação, não importa qual fosse o governo…
…desde aquele período grupos diversos foram capturando a máquina de Estado – ou ampliaram o domínio já existente…
…A política foi se reduzindo à negociação entre grupos esparsos, com cada vez menos direção central, para acomodar às custas dos cofres públicos interesses setoriais e regionais dos mais variados“.
É tão deprimente esse nosso eterno patinar sem sairmos do lugar que apenas acrescentarei o óbvio ululante:— enquanto participarmos desse joguinho de cartas marcadas da democracia burguesa, estaremos apenas iludindo os explorados, por impingir-lhes falsas esperanças;— a ruptura tem de vir de fora da institucionalidade por meio da qual o capitalismo se perpetua, mantendo uma sobrevida que ameaça a própria sobrevivência da espécie humana e tendo se tornado extremamente desigual, disfuncional, destrutivo e autodestrutivo;— daí eu e o companheiro Dalton Rosado estarmos há décadas pregando, até agora no deserto, que a esquerda só cumprirá seu papel se erguer novamente a bandeira revolucionária, assumindo corajosamente que existe para superar o capitalismo e não para tentar domesticar tal ogro.A volta dos que nunca foram embora, evidentemente, estabelece um equilíbrio precaríssimo no esquema do poder, dadas as contradições, entre si, dos participantes desse amontoado de forças imantadas pelo fisiologismo, e também das pressões decorrentes da nova postura dos EUA e da Europa, de revigorar o capitalismo a partir de investimentos ambientais.Nossa posição deve ser inflexível quanto ao genocídio praticado/ensejado por Jair Bolsonaro: tal crime contra a humanidade não pode ficar impune em nenhuma hipótese!