Celso Lungaretti: 'Será Lula o Petain brasileiro?'
Será o Lula o Pétain brasileiro?
HMarechal Pétain, foi um herói francês da 1ª Guerra Mundial, aclamado principalmente por sua liderança militar excepcional na Batalha de Verdun, mas que se tornaria colaboracionista com o nazismo no conflito mundial seguinte.
Em 1940, com a queda iminente da França, o presidente Lebrun o nomeou primeiro-ministro da França. Pétain logo retiraria o que restava do seu governo para uma região que ainda não havia sido invadida pelas tropas alemãs: a cidade de Vichy e seu entorno.
Solicitou o armistício a Hitler, conformando-se com que a República da França ficasse sob a ocupação direta do inimigo histórico, com exceção do regime de Vichy, que permaneceria como um Estado teoricamente autônomo, mas, na verdade, uma miniatura do nazismo, incluindo a perseguição aos judeus.
Condenado à degradação militar e à morte depois da Libertação, Pétain teve sua pena comutada para prisão perpétua em função de seus méritos anteriores e de sua idade avançada (89 anos).
É o exemplo histórico mais emblemático do qual me recordo de um grande homem numa fase tornar-se o oposto noutra. Embora Pétain provavelmente acreditasse estar prestando serviço aos franceses ao evitar que uma parte deles ficasse sob a dominação direta de Hitler, o fato é que seu regime fantoche só se diferenciava do das nações ocupadas pela terceirização da tirania nazista, já que os locais se incumbiram do serviço sujo.
Não especularei sobre os motivos que levam o ex-presidente Lula a estar agindo de forma parecida desde que foi libertado em novembro de 2019. O certo é que ele tudo tem feito para evitar que a esquerda brasileira assuma firmemente a bandeira do impeachment de Jair Bolsonaro:
— quando, mais do que nunca, deveria pacificar e unir a dita cuja, continuou insistindo em manter a postura imperial e arrogante do PT que é um enorme estorvo para qualquer tentativa de formação de uma frente abrangente de todos que estão contra o pior presidente do Brasil de todos os tempos;
— Centrãovelha política
— acaba de unir forças com o bolsonarismo na eleição para presidente do Senado.
Não vou embarcar em teorias da conspiração incomprováveis, mas a mim parece bem claro que Lula voltou à cena política para salvar o PT e não para livrar o Brasil do celerado que o está destruindo.
É possível que Lula não tenha pactuado com o inimigo e que suas decisões deploráveis e aparentemente incompreensíveis se devam ao fato de ter como aspirações máximas as que convém ao seu futuro político, mas não, necessariamente, ao do Brasil: sua reabilitação judicial e conquista do 3º mandato. E, seja o que for que as inspire, a consequência prática de suas posturas acaba sendo o pior possível.
candidatura fantasma, que até as pedras das ruas sabiam ser insuficiente para mudar a decisão do TSE.
E agora chega ao ponto mais baixo de sua trajetória, exatamente num ano em que são enormes as possibilidades de salvarmos brasileiros da infinidade de mortes inúteis causadas:
— pela devastação econômica decorrente da adoção de políticas simplesmente insanas, que tende a acentuar-se cada vez mais ao longo de 2021.
carisma zero Haddad de sair pelo Brasil trombeteando a candidatura petista para a eleição de 2022.
candidato-estepe, pois Lula também deve estar ciente de que sua candidatura nem desta vez será consentida, como antecipou a Mônica Bergamo e eu reproduzi. Se acontecer o improvável, Lula é quem vai ser o candidato e o Haddad ficará chupando o dedo.
Então, quando muitos contingentes de esquerda se mostram dispostos a não trair seus princípios e travar o bom combate que ora se impõe, Lula faz uma verdadeira chantagem com todos partidos e forças do nosso lado, contando com que, por medo de perder o trem da História, eles adiram à candidatura petista ou lancem desde já outro candidato.
flagrantemente imperativoabsolutamente irrelevante neste momento (a eleição que, se não for levada de roldão pela explosão social, ocorrerá daqui a 20 intermináveis meses).
(por Celso Lungaretti)