Leila Alves: 'Carta a meu pai'
Carta a meu pai
Pai,
anos se passaram, menos a saudade do teu cheiro.
Saudade infinda do teu olhar campestre, dos
teus passos serenos e da tua voz de calmaria.
Pai,
não esqueço dos nossos passeios pela relva
do sabiá, que, com zelo, tão bem cuidavas e
que morreu poucos dias antes de você.
Acredito que voou na frente, para te aguardar no céu dos pássaros.
Pai,
sua menina cresceu, mas continua a conversar
com o crepúsculo, como a gente sempre fazia
lembra? tudo era tão mágico…
Pai,
nunca aprendi a despedir-me de você, porque
você está na melodia dos versos que faço, na
cantoria das Estações que sempre guardei para ti, meu pai.
Leila Alves
Leila.alvesmlc@gmail.com