Verônica Moreira: 'Limpando o interior'

Limpando o interior

Hoje, às quatorze horas e trinta minutos, eu fechei a porta do meu quarto, fechei a cortina e, sentada na cama, olhei para o meu guarda-roupa. Fiquei ali parada imaginando o que eu poderia separar para jogar fora ou para doar a alguém que realmente gostasse de alguma coisa.

Tive a percepção de que algo em mim gostaria de ser levado junto daqueles meus pertences, então comecei a olhar bem mais para o fundo, para dentro de mim, e, realmente, encontrei coisas enraizadas das quais preciso livrar-me…

Há um pesar desnecessário que vem me causando mal, inquietações constantes, sentimentos que não me servem mais, como meus muitos vestidos florais. Não adianta tentar me vestir de peças que um dia amei, mas que não me fazem mais sentir-me confortável.

Eu pensei em como seria fácil se o nosso coração fosse como nosso guarda-roupa…
Fui pegando peça por peça, e jogando num saco plástico, fui retirando tudo que não me serve mais: saias, vestidos, blusas, roupas íntimas, calçados e acessórios insignificantes pra mim…

Quando percebi, meu quarto parecia mais leve, mais limpo, mais claro!
Senti que já estava preparada para coisas novas, vestidos e tudo de melhor que uma mulher merece.

O alívio me levou a compreender que assim como fiz com meu guarda-roupa, eu também precisava tirar da minha vida e do meu coração sentimentos entulhados, coisas que pesam e coisas que já não me servem mais.

O tempo passa, a vida é um sopro, e nós aqui, amontoando coisas que não nos fazem bem algum!
Acho que chegou o momento de buscar o novo, vestir-nos de fé, de esperança, permitir-se sonhar novamente, lutar para deixar heranças, mas não heranças materiais! Heranças de fé, de bondade, de perdão e amor ao próximo.