Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo: 'Páscoa. Pensar e Compor Estratégias Sociais'

Diamantino Lourenço R. de Bártolo

Páscoa. Pensar e Compor Estratégias Sociais

Ainda no início do século XXI, mas já no final da segunda década, numa Europa milenar de cultura, tradições, valores e detentora de uma civilização, que se tem pretendido humanista, assente nos pilares da Democracia, do Direito e do Cristianismo vive-se, todavia, uma situação preocupante, pelo menos em alguns países, nestes se incluindo Portugal.

O nosso país, apesar de pobre, é constituído por um povo humilde, trabalhador, honesto e educado, uma população frequentemente sacrificada, submetida que tem sido, às mais cruéis desfeitas, a principal das quais, a perda de quase tudo o que ao longo de vidas de trabalho, poupanças, impostos em cima de impostos, foi, durante alguns anos, despojada de direitos e até do próprio património material, se não cumprisse as leis injustas que foram, insensivelmente, impostas, reconhecidas como tais, pelas mais altas instâncias dos Poderes: uns estranhos à nossa situação e outros, paradoxalmente, dentro da nossa própria “casa”

Os crentes católicos vivem uma quadra festiva, festejam a Ressurreição de Cristo, cuja vida de sofrimento, de bem-fazer, de amor pelo seu povo, pela intransigência na defesa dos mais fracos O levou à morte, desumana e violenta, tal como fizeram com os Portugueses, durante um certo período de tempo.

A vida de Cristo, ainda que interpretada no contexto simbólico, não deixa de ser um exemplo, pelo padecimento a que esteve sujeito, pelas humilhações por que passou e, não obstante a crueldade dos seus adversários e algozes, a todos perdoaria e ressuscitaria em glória, com dignidade e com uma mensagem de esperança, na salvação da humanidade.

O exemplo de Cristo, hoje mais do que nunca, deverá constituir uma referência universal, independentemente de quaisquer ideologias políticas, religiosas, económicas, financeiras e tantas outras. A filantropia que a sua vida demonstrou, deveria ser um incentivo para toda a humanidade, no sentido da recuperação da dignidade, que é um valor essencial de toda a pessoa humana.

Com efeito, a dignidade, em muitos setores da atividade humana, mais parece um valor utópico, que terá sido ignorado pela enormidade e colossal humilhação, que foi infligida aos cidadãos e, por isso mesmo, é tempo de “ressuscitar” a respeitabilidade que foi brutalmente afastada dos primordiais princípios, valores, sentimentos, deveres direitos cívicos.

Páscoa, tempo de reflexão, de realinhamento de políticas, de dignificação das pessoas, de instituir um pouco mais de humanismo, porque há muito mais vida para além de mercados, de dívidas públicas e soberanas, de sacrifícios desumanos, de negação de direitos, pagos e adquiridos. Muitos Portugueses já percorreram o longo e espinhoso calvário da austeridade, já foram mortos nos seus direitos, já perderam muitos dos seus bens, mitos passaram a viver na rua e têm dificuldade em manter a esperança na ressurreição da própria dignidade humana. É urgente dar-lhes uma nova oportunidade, uma renascida esperança.

É tempo de se enaltecer a simbologia deste período que, justamente, nos transmite uma mensagem de alegria, de possibilidade de recuperação de princípios, valores e direitos perdidos, ignorados e/ou, simplesmente, retirados, injustamente. É um tempo em que permite pensar-se, adequadamente, sobre o papel que cada pessoa tem de desempenhar neste mundo, e nesta vida, porque, tal como Cristo, um dia, eventualmente, mais depressa do que se pensa, tudo acaba, ficam apenas as memórias das boas e más ações que se praticaram.

Acreditando que Jesus Cristo ressuscitou ao terceiro dia, então, e por analogia, devem os Portugueses regressar à vida digna, rapidamente, porque há alguns anos que vêm sendo mortos, paulatinamente, nas suas mais elementares condições de vida, como sejam a proteção à saúde, ao emprego, à educação/formação, à segurança social, em todas as fases da vida, enfim, recuperar um verdadeiro e justo Estado Social, com qualidade, imparcialidade e em permanência, porque os Portugueses, na sua esmagadora maioria, já deram, ao longo das suas vidas, e continuam dar, o que, praticamente, já pouco lhes resta, para alguns, porque para outros, a miséria é o que têm para oferecer.

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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