Artigo de Celio Pezza: 'Catilinárias'
Célio Pezza – Crônica # 293: Catilinárias
A Polícia Federal junto com o Ministério Público deu início, no dia 15 de dezembro, à Operação Catilinárias, para cumprir mandatos de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, referentes a processos instaurados em continuação à Operação Lava Jato, sobre a corrupção na Petrobras.
As buscas foram na residência do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, do Ministro da Ciência e Tecnologia Celso Pansera, do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, do senador Edison Lobão, ex-ministro de Minas e Energia, do deputado federal Aníbal Gomes e muitos outros parlamentares pelo Brasil, na grande maioria do PMDB.
Interessante sabermos de onde saiu o nome dessa operação.
As Catilinárias são uma série de quatro discursos que o cônsul romano Marco Túlio Cícero fez em 63 a.C., contra o senador Lúcio Sérgio Catilina, que pretendia dissolver o Senado e tomar o poder em Roma. Ao saber dos planos do senador, Cícero convocou uma reunião no Senado e deu início aos seus discursos famosos. Após ser desmascarado, Catilina se afastou do senado, armou um exército rebelde e acabou morrendo no ano seguinte, pelas forças romanas leais ao senado romano.
Partes do célebre discurso de Cícero ao Senado diziam o seguinte:
Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto desses senadores, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem? Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente? Onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste? Oh tempos, oh costumes! O Senado tem conhecimento destes fatos e o cônsul tem-nos diante dos olhos!
Mais de dois mil anos se passaram, mas o discurso permanece vivo e atual.
Hoje temos uma infinidade de “Catilinas”, políticos mentirosos, corruptos e que só andam atrás do poder. Como diria Cícero nos dias de hoje:
“Até quando, corrupto, abusarás da nossa paciência? Até quando?”
Dezembro, 2015