Verônica Moreira: 'Romantismo indígena'
Cada vez que eu olho pra você, eu vejo um pouco mais de mim.
Então eu corro pra bem longe, onde meu ímpeto desejo por ti não me alcance…
Arrisco-me a trilhar no escuro para que seu olhar não me alcance, mas é tudo em vão, pois no silêncio vácuo da trilha, ouço as batidas do seu coração.
Parecem tambores em noites de rituais indígenas, tambores soam, gritos ecoam clamores; Seriam preces ao grande espírito?
Será que até os caras pálidas clamam por nosso amor?
A natureza está ao nosso favor ou estou tomada por ilusões?
Aguardo o amanhecer, enquanto isso vou aproveitando as riquezas culturais indígenas e sonhando estar numa floresta encantada, só eu e você.
Te vejo coberto de folhas, trajar selvagem que me leva um pouco mais além! Então me atrevo a imaginar-me coberta com folhas de uva; amo o formato de suas folhas…
Atrevo-me ainda tecer uma rede de cipó pra deitarmos e juntos e olharmos as estrelas. Vejo em meu devaneio uma fogueira, e, ao redor dela, homens dançam enquanto os tambores soam.
Em meio ao ritual indígena, você me puxa pela mão e num lindo passo se põe a dançar; eu acompanho seus passos e danço como índia, todos os demais fazem cirandas e jogam flores em nós dois.
Acontece uma linda mistura entre o amor e a cultura, corpos dançam expressando arte e desejos; tornei-me mais que personagem de meu conto romântico indígena, agora sou índia branca apaixonada pela nudez da alma livre.
Verônica Moreira
veronicanoe398@gmail.com