Antônio Fernandes do Rêgo: 'Desilusão'

Antônio Fernandes do Rêgo

Desilusão

Singrei os turbilhões dos oceanos,

Comi pó e carvão na turva estrada,

Trago a minha alma em sonhos fatigada,

Cruzei à remo o mar dos desenganos.

 

Deslindando das grutas os arcanos,

Fui águia e agora ao fim de mil jornadas

Foi-se as penas das asas espalmadas

Na escalada de rochas e altiplanos.

 

Quisera eu os jardins das primaveras,

Quem dera de voltar minhas quimeras!

Tempo em que me enganava o coração.

 

Porque hoje sei, quem mais me fere a vida

No encalço desta estrada tão batida,

É a acerba flecha da desilusão.

 

 Antônio Fernandes do Rêgo

aferego@yahoo.com.br