Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo: 'Peregrinar até Fátima'

Diamantino Lourenço R. de Bártolo

Peregrinar até Fátima

Respeitando as religiões que: cada povo, cada instituição, cada pessoa, professam, e desejando-se igual comportamento, a verdade é que os crentes numa Entidade Divina, têm necessidade de nela acreditar, e a ela recorrer sempre que se encontrem em situações-limite, principalmente quando tudo parece estar perdido, designadamente a saúde e, mesmo os não-crentes, de quando em vez, lá vão proferindo o nome de Deus, ou até de um Santo.

Em Portugal, o mês de maio é muito especial para os católicos, fundamentalmente para aqueles que desde há muito tempo, interiorizaram uma Fé e Esperança ilimitadas em Nossa senhora de Fátima, cujas celebração, homenagem e ação de graças, têm o seu ponto alto, no dia treze de maio, precisamente no Santuário de Fátima.

A religião faz parte da cultura de um povo e, já em tempos imemoriais, a ela se recorria para os mais diversos fins: recuperar a saúde perdida; receber uma proteção em cenários perigosos, e, por via disso, por exemplo, ainda hoje se assiste ao “cumprimento de promessas” que, por ocasião das guerras, as pessoas imploravam auxílio e proteção, em “troca” da obrigação de um “voto”.

Tal como acontece um pouco por todo o mundo, também em Portugal, ao Santuário de Fátima, acorrem milhões de pessoas todos os anos, imbuídas de profunda Fé, e imensa Devoção em Maria, à qual agradecem as Graças que, por sua intercessão, receberam de Deus, relativamente a pedidos que, entretanto, foram feitos para resolver situações que escapam à ciência, à técnica e à tecnologia.

Ousar criticar esta postura dos crentes, poderá revelar uma enorme falta de respeito, uma “pseudossupremacia” e, provavelmente, um materialismo exacerbado. O contrário, sem dúvida, é, igualmente, inaceitável ou seja: os crentes censurarem os não-crentes, até porque se deve partir do princípio, segundo o qual, a liberdade religiosa é um direito constitucional inalienável, em Portugal.

Quem conhece, e visita regularmente o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, não consegue ficar indiferente: às comoventes manifestações de Fé; às emoções fortíssimas que os crentes, peregrinos de dezenas de países, revelam durante as cerimónias religiosas, em que alguns rituais levam muitas pessoas a entrar em situações incontroláveis: chorar profundamente, desmaios, nomeadamente, enquanto decorre a procissão e depois o recolhimento da imagem à Capelinha das Aparições, sendo significativo o ritual do “Adeus” em que os crentes se despedem da Virgem Santa, acenando com lenços brancos.

Haverá fenómenos que a ciência e a técnica não conseguem explicar, muito menos provar, cabal e inequivocamente, como seja, por exemplo, o “aparecimento” de Nossa Senhora de Fátima, no dia treze de maio de mil novecentos e dezessete, na Cova da Iria, a três pastorinhos, dos quais, um deles, a irmã Lúcia, que faleceu há poucos anos e que terá confirmado aquele evento fantástico.

Quanto a este acontecimento extraordinário, que em dois mil e dezessete perfez um século, comemorando-se, assim, o primeiro centenário das “Aparições de Fátima”, evento que, pela primeira vez, trouxe a Portugal, Sua Santidade, o Papa Francisco, também ele, com a sua superior inteligência, bom-senso e bondade, porém, como peregrino, conforme foi seu desejo, porque foi nessa qualidade que visitou o Santuário de Nossa Senhora de Fátima.

Naturalmente que se compreende, e se respeita, que tanto a ciência como a técnica, e os não-crentes, desvalorizem, ou até o neguem, com argumentos de “ilusão ótica” ou “fenómenos meteorológicos”, mas também não teremos o direito de desmentir quem realmente sempre afirmou ter ocorrido, havendo, inclusivamente, prova testemunhal, os pastorinhos, e documentação escrita a este propósito.

Ninguém se deve sentir envergonhado, complexado ou ter qualquer preconceito, em manifestar a sua devoção e crença em Nossa Senhora de Fátima, como também não assiste o direito, aos não-crentes, e de outras religiões, ridicularizarem e humilharem as pessoas que têm Fé e Esperança em Maria.

Refere o provérbio popular que: “A Fé é que nos salva”, não só a fé enquanto acreditar num desfecho favorável para uma situação incómoda, ou no êxito de um projeto, mas também a Fé religiosa, que no espírito dos crentes prevalece como uma oportunidade de solução, eventualmente para o mesmo problema que o não-crente está a viver e, então, dir-se-ia que tudo não passa de uma questão de perspetiva.

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

diamantino.bartolo@gmail.com